O mercado brasileiro do boi gordo teve mais uma rodada de alta nos preços da arroba nesta quarta-feira (20/1), com destaque para as valorizações registradas nas praças situadas na faixa central do Brasil, mais especificamente no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais (veja ao final desta página as cotações atuais do boi gordo e da vaca gorda em 25 praças de comercialização do País).
Segundo apurou a IHS Markit, nos Estados do Mato Grosso e Goiás, a disputa pelos lotes locais de boiadas gordas ganhou intensidade sobretudo pela disparidade dos preços que até então havia em relação aos valores de balcão nas demais regiões pecuárias. Em Minas Gerais, a demanda firme e oferta escassa de animais terminados fizeram algumas indústrias alinhar o preço a prazo ao valor à vista, mas isso de acordo com os tamanhos dos lotes a serem ofertados pelos pecuaristas, relata a consultoria.
No interior de São Paulo, o tamanho da quantidade de animais prontos, além da qualidade dos lotes, também é levado em conta no momento de fechamento de negócios – boiadas com padrões definidos para exportação recebem preços diferenciados, como o boi-China (animais jovens, com até 30 meses de idade), que atualmente pode alcançar valores em torno de R$ 300/@.
A Scot Consultoria detectou elevação no valor da arroba paulista do boi gordo nesta quarta-feira, que atingiu R$ 293/@, preço bruto e a prazo, um incremento de R$ 3/@ no comparativo diário. Para as fêmeas, o reajuste diário foi de R$ 5/@, sendo a vaca gorda e a novilha gorda negociadas, respectivamente, em R$ 277/@ e R$ 280/@. “Animais que atendem às exportações são negociados entre R$ 295/@ e R$ 300/@”, ressalta a Scot.
Na avaliação da IHS Markit, de maneira geral, a lentidão nas vendas de carne bovina no mercado doméstico e a disparada recente da arroba fazem a indústria trabalhar com cautela no mercado do boi gordo. Os frigoríficos relatam problemas relacionados ao elevado grau de ociosidade das plantas frigoríficas, com escalas de abate apertadas, que, em alguns casos, atendem apenas um dia, segundo a consultoria. “O fato é que o setor sente os impactos negativos estruturais e, mesmo diante da inconsistência da demanda pela proteína bovina, o desafio da cadeia é manter um nível adequado de abastecimento de suas unidades de abate espalhadas pelo Brasil”, relata a IHS.
Neste contexto, continua a consultoria, embora já se fale em acomodação dos preços no atacado e da possibilidade de reflexos na arroba bovina, o mercado pecuário ainda teve forças para galgar novos movimentos de alta neste mês de janeiro, mesmo frente a uma ponta compradora que procura, dentro do possível, cadenciar os negócios e tentar conter a trajetória de alta para minimizar possíveis prejuízos decorrentes de um frágil consumo doméstico.