A relação da humanidade com a Internet não será a mesma após 2020
Quais serão os reflexos das mudanças comportamentais na pecuária?
A relação da humanidade com a Internet não será a mesma após 2020

Olá amigos pecuaristas! Escrevo esta coluna em meio a um turbilhão de sensações após acompanhar mais de um mês de isolamento social no Brasil – desde que retornei da Bolívia.


Não bastasse o volume de informações relacionado ao vírus e os desdobramentos nas áreas de saúde e economia mundial, a quarentena fica ainda mais tensa em nosso país com os últimos acontecimentos políticos, inclusive com a troca de dois ministros nas últimas duas semanas. Desligar o ministro da Saúde e sua equipe em plena pandemia não é algo fácil para o governo administrar. Mais emblemática foi a saída do ministro da Justiça porque ele foi um dos pilares da eleição do presidente.


Claro que estamos todos mais tensos, porém acho incrível que, em meio o caos, o ego e/ou ambições políticas se sobreponham o senso de solidariedade humana para passarmos por tudo isso de forma mais leve - e não me refiro simplesmente aos acontecimentos no Brasil.


Na área econômica, em linhas gerais, o agro deve erguer as mãos para o céu e agradecer por passar menos impactado do que a grande maioria dos setores que rodam as engrenagens da economia mundial. Vale o raciocínio básico: é essencial colocar alimento na mesa das pessoas e o agro é uma das poucas atividades que tem condições de produzir e distribuir sem necessidade de grandes agrupamentos. Sem generalizar, segmentos como o de flores e do etanol sofreram muito com as mudanças de hábitos, mas a pecuária bovina tem se mostrado um ativo estável. Mesmo com a retração do mercado interno, e com alguns países mais afetados com a crise do coronavírus, o volume de exportação de carne bovina in natura, no primeiro trimestre, foi surpreendente. A conjuntura do reflexo da peste suína africana na China, o dólar valorizado e a qualidade do produto brasileiro têm sido bons atrativos. Segundo o MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, as exportações, em março deste ano, em plena pandemia, totalizaram US$ 9,29 bilhões, o que significa um aumento de 13,3% quando o valor é comparado ao mesmo período no ano anterior. Os aumentos mais significativos foram o da soja seguido pelo da carne bovina in natura. E o principal comprador: adivinha? China, é claro.


E a internet, quem diria, extremamente criticada por provocar o distanciamento do contato direto entre as pessoas, passa a ser a ferramenta acalentadora para as famílias, aproximando a todos pelas telas dos celulares, tablets e computadores e, assim, propiciando uma experiência diferente até para os mais conservadores, que acabam por romperem barreiras e aproveitam as coisas boas da tecnologia.


O ano de 2020 será lembrado pelas lives, desde aquelas mais populares como as dos cantores, até as inúmeras apresentações de especialistas das mais distintas áreas usando diferentes aplicativos. E muitos com a modalidade de webinar bastante utilizada por permitir interações por chats.


A internet também tem se mostrado um grande facilitador para gestão à distância de fazendas e de empresas de outros setores.

A comunicação com a equipe por aplicativos tem criado uma dinâmica que nos permite organizar e agilizar ações – o serviço rende. Todos nós percebemos o quanto uma reunião por videoconferência pode ser tão prática para o trabalho – menos tempo e risco nas estradas e aeroportos, e mais tempo para usar como quisermos.


A relação de confiança com um aperto de mãos olhando nos olhos é tradicional, tem uma simbologia e tanto, é diferente! Mas outras relações de confiança deverão ser estabelecidas no mundo contemporâneo. Creio que as experiências vivenciadas pela necessidade do isolamento social, principalmente entre as famílias, afloraram um lado mais humano no ambiente digital que é uma realidade sem volta na vida da gente.


É isso aí, Vamos que Vamos!