Recentemente o Mercosul e a União Europeia anunciaram um acordo que, se confirmado, formará a maior área de livre comércio do planeta, representando 25% da economia mundial e um mercado de 780 milhões de consumidores. Para o Brasil, o acordo, que reduzirá ou eliminará tarifas de importação para mais de 90% dos produtos comercializados entre os blocos, vai aumentar especialmente a competitividade do agronegócio. Segundo estimativas do Ministério da Economia, o acordo representará um incremento do PIB da ordem de US$ 87,5 bilhões em 15 anos, podendo chegar a US$ 125 bilhões se forem consideradas a redução das barreiras não tarifárias e o incremento esperado na produtividade. De acordo com especialistas, porém, em paralelo à redução de tarifas, é possível que aumentem as exigências relativas a questões sanitárias, sustentabilidade dos sistemas produtivos, rastreabilidade e certificação de produtos.
Nesse contexto, o agronegócio brasileiro, que é reconhecidamente competitivo, tem muito o que avançar para aproveitar a oportunidade. E a chave está em usar tecnologia e inovações aplicadas ao segmento, coisa que estão fazendo as mais de 300 Agtechs (como estão sendo chamadas as startups do agro) mapeadas em estudo da Liga Ventures. Elas são ainda apenas 3% das startups do país, de acordo com o mapeamento da Associação Brasileira de startups, e 5,9% no RS, de acordo com estudo do Distrito e KPMG, mas com grande potencial de crescimento, a seguir o ritmo global. De acordo com estudo da Zion Market Research, o mercado de smart agriculture deverá superar os US$ 15 milhões até o final de 2025, crescendo do 13% entre 2017 e 2025.
As Agtechs são empresas de biotecnologia, internet das coisas e drones. Mas também são marketplaces, sistemas de gestão de propriedades e novas formas de plantio. Há startups para todos os gostos e, especialmente, todas as necessidades do agronegócio. Mais de 300 chances de fazer desse setor um caminho ainda mais concreto de desenvolvimento para o país.
O novo bloco tem muitos desafios. Um deles é passar pela aprovação dos parlamentos que, atualmente, ardem em dúvidas sobre o acordo. Mas tem, do ponto de vista do Brasil, muitas oportunidades embasadas, especialmente, na inovação do agronegócio.
Por Gabriela Ferreira, líder de Impacto Social no Tecnopuc e diretora técnica da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec)
Fonte: Gauchazh