O cenário de preços fortalecidos dos grãos e dos animais de reposição poderá afetar a produção de gado confinado no segundo semestre de 2021, conforme destacou a StoneX. A oferta restrita de animais foi responsável por impulsionar a cotação da arroba no primeiro trimestre deste ano, em que os preços do boi com padrão exportação no mercado físico chegaram a R$ 325,00/@ em São Paulo.
Nos primeiros três meses deste ano, o mercado futuro do boi gordo seguiu com tendência de alta na Bolsa Brasileira (B3). A cotação do animal registrou um avanço de 17,6%, chegando a R$ 314,95/@. “Esse movimento no mercado futuro foi influenciado pela baixa oferta de animais e a demanda externa sustentada com a alta do dólar. Nós acreditamos que a disponibilidade de animais, questão cambial e consumo de carne bovina vão direcionar os preços do boi gordo nos próximos meses”, comentou a Consultora em Gerenciamento de Riscos da Stonex, Marianne Tufani.
Durante a apresentação das perspectivas para a pecuária, a StoneX informou que a baixa disponibilidade de animais para abate foi o principal direcionador do mercado do boi gordo, na qual ofereceu suporte às cotações e comprometeu o alongamento das escalas de abate no primeiro trimestre deste ano. "Diante das valorizações da arroba no mercado físico, os frigoríficos estão mais cautelosos já que a demanda doméstica por carne bovina segue incerta com as restrições da pandemia”, destacou.
Outro fator que comprometeu a oferta de animais terminados foi o menor volume de chuvas durante o mês de fevereiro, em que os animais de pasto foram para estruturas de terceiros para engorda, como o boitel. “A estimativa é que a entrada desses animais no mercado pode avançar ao longo de maio e os frigoríficos vão conseguir alongar as escalas de abate, mas isso vai depender do volume dessa oferta de animais”, ressaltou.
Assim como os preços do boi gordo registraram valorizações, a cotação da carne bovina no atacado seguiu a tendência de alta e acumulou um ganho de 10,9% no primeiro trimestre de 2021 na grande São Paulo. Por outro lado, as cotações das carnes suínas e de frango tiveram um movimento completamente diferente. “No mesmo período, a referência da carne bovina despencou, acumulando uma contração de 28,5%, enquanto a carne de frango encerrou o trimestre próximo da estabilidade, com uma valorização de 0,7%”, explicou a StoneX.
Além da perda da competitividade da carne bovina com as demais proteínas, as incertezas no cenário econômico impactaram a demanda por proteínas animais. "O Índice de Confiança do Consumidor da FGV, atingiu em março de 2021 seu menor patamar desde maio de 2020, e a taxa de desemprego, estimada pelo IBGE em 14,2% entre novembro de 2020 e janeiro de 2021”,
As exportações se tornam uma alternativa mais rentável aos frigoríficos diante da valorização do câmbio. "No acumulado de 2021, cerca de 343 mil toneladas de carne bovina foram exportadas, isso representa um recuo de 2,9% no comparativo anual, mas um avanço de 2,1% frente à média dos últimos três anos”, destacou.
A importação de proteína pela China ainda segue incerta para os próximos meses, já que o rebanho de suínos está em recuperação. Contudo, o volume importado deve ser elevado, ficando abaixo apenas do registrado no ano anterior. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), projeta uma redução das importações de carne bovina, suína e de frango de 9,9% em relação a 2020, para 4,6 milhões de toneladas. Algumas agências de notícias estão apontando novos surtos de Peste Suína Africana no Norte da China e que pelo menos 20% do rebanho reprodutor foi eliminado. "É necessário acompanhar atentamente o que vai acontecer na China, visto que a confirmação de surtos mais graves poderiam comprometer o mercado mundial de proteína animal”, relatou Tufani.
Fonte: Notícias Agrícolas