Ao longo desta semana, o mercado físico do boi gordo registrou fortes movimentos altistas entre as principais regiões pecuárias do Brasil. Na praça paulista, o valor máximo do animal terminado ultrapassou a casa dos R$ 230/@, chegando a R$ 233/@, conforme apurou a consultoria IHS Markit. Na sexta-feira da semana passada (14/8), a arroba paulista valia R$ 229 – ou seja, em apenas sete dias houve um acréscimo de R$ 4/@.
“Com as altas acumuladas na arroba durante a semana, os pecuaristas se mostraram mais dispostos a vender os animais terminados e os frigoríficos conseguiram estender as programações de abate, em média, até o meio da semana que vem”, informa a IHS Markit.
A trajetória de valorização da arroba tem suporte na dificuldade dos frigoríficos em avançar com as escalas de abate que atendem, principalmente, os compromissos de exportação, relata a IHS Markit. “Mesmo com o enfraquecimento do consumo doméstico de proteínas registrado ao longo da segunda quinzena de agosto, as indústrias mantêm a produção regular e se posicionam de forma ativa nas aquisições de gado, visando atender à forte demanda de parceiros comerciais, principalmente a China”, observa a consultoria.
Além disso, a desvalorização do real frente ao dólar, a carne vermelha brasileira fica ainda mais competitiva no mercado internacional, o que faz com que as indústrias frigoríficas consigam pagar preços melhores por novos lotes de boiada, mantendo boas margens positivas em relação às vendas da proteína.
Dados preliminares da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) apontam para volumes recordes de exportações em agosto. Ao longo dos dez primeiros dias úteis do mês, o Brasil exportou 8,1 mil toneladas/dia, um aumento de 32,1% frente a média de agosto 2019.
O ritmo aquecido dos embarques se deve à participação ativa da China, principal destino do produto, que continua comprando proteínas em todo o mundo, depois que seu rebanho de porcos foi dizimado pelo surto de peste suína africana. “O ótimo desempenho da carne brasileira no front externo tem beneficiado os frigoríficos brasileiros, sendo, de certo modo, uma válvula de escape frente à irregularidade no escoamento dos cortes para o mercado interno”, avalia a IHS Markit.
Ao longo desta segunda quinzena de agosto, o volume de vendas internas se manteve em ritmo inferior ao esperado para o período. O enfraquecimento do consumo, já característico do final do mês, demonstra o menor poder de compra da população, mas também incertezas em relação ao futuro da economia.
Apesar disso, relata a IHS Markit, a continuidade do relaxamento de medidas de isolamento social nos grandes centros urbanos e a redução no índice de contaminação de CoviD-19 em alguns Estados brasileiros devem promover um avanço da demanda a partir do final da próxima semana – quando parte da população é contemplada pelo recebimento dos salários.
Mesmo com a entrada de lotes de animais provindos dos confinamentos nesta semana, os frigoríficos ainda tiveram dificuldades para preencher as programações de abate e os negócios realizados foram feitos a valores elevados. O indicador Cepea/B3, que mede os preços praticados em praças de SP, terminou o dia cotado a R$ 227,20/@, mantendo a média do mês em seu maior patamar desde o início da série histórica, em 1994.
Neste contexto, prevê a IHS, a tendência para as cotações da arroba é de manutenção de patamares firmes no curto prazo.
Fonte: Portal DBO