Nesta terça-feira, 13 de abril, o mercado físico do boi gordo registrou mais uma rodada de altas em algumas praças importantes do País, enquanto as indústrias frigoríficas têm enfrentado uma situação bastante dramática, principalmente as unidades que operam unicamente no mercado interno, informam as consultorias do setor pecuário.
O alto custo da matéria-prima (boiada gorda), aliado ao fraco consumo interno de carne bovina, gera muitos casos de encerramento ou paralisação de operações de unidades de abate em todo o Brasil”, relata a IHS Markit, completando que até mesmo as plantas exportadoras têm operado com capacidade de abate reduzida, o que resulta em margens negativas ao setor industrial.
Levantamento das consultorias mostram que o preço do boi gordo subiu mais de 60% no período de um ano, enquanto várias instalações de produção de pequeno, médio e grande porte foram paralisadas ou permaneceram ociosas enquanto ajustavam a oferta à demanda.
Atualmente, a oferta de gado é extremamente baixa, apesar da chegada do período mais seco. Espera-se, porém, um aumento na venda de boiadas terminadas nas próximas semanas justamente pela piora da qualidade das pastagens, o que forçará a desova dos animais nas fazendas que ainda têm lotes para negociar.
Segundo dados da Scot Consultoria, nesta terça-feira, o boi gordo foi negociado a R$ 317/@, enquanto a vaca e novilha gordas valem R$ 291/@ e R$ 306/@, respectivamente (preços brutos e à vista).
Bovinos para exportação (abatidos mais jovens) estão sendo negociados em até R$ 325/@. As escalas de abate atendem entre 4 a 5 dias em São Paulo, conforme apurou a Scot (veja abaixo os preços de machos e fêmeas terminados desta terça-feira nas principais praças pecuárias do País).
Na ponta vendedora, apenas os grandes pecuaristas, que atuam com integração lavoura-pecuária, conseguem adequar melhor as suas operações, pois conseguem alinhar os custos de nutrição, destaca a IHS Markit.
“O foco no momento é a engorda de animais mais erados para abastecimento do segundo semestre do ano, quando se espera uma reação da demanda doméstica”, observa a consultoria.
A pouca oferta de animais terminados é reflexo do movimento de abate elevado de fêmeas no passado recente. Segundo relembra a IHS, o Mato Grosso, maior expoente da pecuária nacional, abateu 1,064 milhão de cabeças no primeiro trimestre deste ano, uma queda de 15,6% em relação ao resultado registrado no primeiro trimestre de 2020 (1,261 milhão de bovinos).
Exportações continuam aquecidas – Enquanto o mercado interno é estrangulado pelos altos custos e a oferta restrita de boiadas gordas, o mercado externo continua surpreendendo.
Na primeira semana de abril, segundo dados da Secretária de Comércio Exterior (Secex), a média diária de volume exportado de carne bovina in natura foi de 6,36 mil toneladas/dia, representando aumento de 9,3% quando comparado ao mesmo período do ano passado.
Em relação ao mês passado, que registrou o maior volume de embarques para março desde 2007, o aumento foi de 9,2%.
Preços da carne seguem firmes – No mercado atacadista, novamente foi verificado estabilidade nos preços dos principais cortes bovinos nesta terça-feira. Segundo prevê a IHS, as expectativas para segunda quinzena do mês não são animadoras.
“Com a passagem da primeira semana, quando a população recebeu os salários e a primeira parcela do auxílio emergencial, os estoques ainda seguem abastecidos, gerando pouca procura por reposição entre atacado e varejo”, observa a IHS.
O final dessa semana pode trazer leve reação de demanda, porém nada que possa surpreender o mercado em termos de preço ou fluxo de venda, acrescenta a consultoria.
Fonte: Portal DBO