Depois de uma segunda-feira morna, os preços do boi gordo e da vaca gorda voltaram a subir fortemente nesta terça-feira (19/1) nas principais regiões pecuárias do Brasil, conforme apurou a Scot Consultoria e a IHS Markit. O avanço da arroba é resultado da enorme dificuldade das indústrias frigoríficas em recompor as suas escalas de abate, reflexo da forte escassez de oferta de animais terminados, associada ao ritmo acelerado das exportações brasileiras de carne bovina registrado nas primeiras semanas deste mês.
A cotação do boi gordo subiu R$ 3/@ na praça paulista, na comparação com valor de segunda-feira, para R$ 290/@, preço bruto e a prazo, de acordo com dados da Scot. A cotação da vaca gorda teve alta diária de R$ 5/@ em São Paulo, para 272/@, enquanto o valor da novilha teve acréscimo de R$ 3/@, chegando a R$ 280/@. Veja ao final desta página os preços dos machos e das fêmeas terminados desta terça-feira nas principais regiões pecuárias do País.
Segundo relatos da Scot, com a oferta restrita na maioria das praças pecuárias, algumas indústrias frigoríficas estão dando férias coletivas. “Essa diminuição temporária na demanda pode facilitar a vida dos compradores ativos”, observa a consultoria. Na avaliação da IHS Markit,, as programações de abate das pouco evoluíram nos últimos dias. “Em parte, o momento vivido pelo setor é consequência do atraso na terminação do gado de pasto, devido ao atraso na chegada das chuvas em importantes regiões pecuárias do País”, informa a IHS.
A elevação nos custos da nutrição animal, em função dos preços recordes do milho e da soja, também fez reduzir a oferta de animais terminados no cocho, reforçam as consultorias.
Dessa maneira, os poucos lotes que chegam ao mercado são absorvidos a preços mais altos. O tamanho e a qualidade do lote também permitem a efetivação de acordo a preços diferenciados, sobretudo considerando bovinos que cumprem os requisitos para exportação impostos por países mais exigentes, como é o caso do “boi-China”, abatidos mais jovens (com idade até 30 meses). No interior de São Paulo e em algumas praças de Minas Gerais já há relatos de acordos isolados sendo fixados até R$ 300/@, a prazo (para desconto do Funrural) para animais destinado ao mercado chinês, informa a IHS.
Nas praças da região Centro-Sul, as escalas de abatem atendem entre três a quatro dias uteis. Em Goiás e Mato Grosso do Sul, por exemplo, há informações de plantas frigorificas comprando gado para abater amanhã. No Mato Grosso, os frigoríficos locais trabalham duro para garantir escalas de abate para cinco dias, segundo apurou a IHS.
Até mesmo no Paraná, onde havia frigoríficos com programação de abate para meados da próxima semana, as indústrias também estão oferecendo preços mais elevados pela boiada gorda.
Destaque também para a forte procura por novilhas entre 14 e 15 arrobas, o que faz alguns compradores oferecerem valores similares aos preços do macho, relata a IHS Markit.
No Norte e Nordeste, os preços também subiram em função do aperto das escalas de abate das industrias e do aquecimento da demanda externa.
Mercado interno da carne segue lento
No mercado atacadista, apesar da lentidão das vendas, os preços dos principais cortes bovinos seguiram estáveis nesta feira, informa a IHS. Embora ainda não se tenha sobras excessivas em decorrência da irregularidade do abate nas plantas industriais, a fraca procura pela proteína vermelha deve abrir espaço para ajustes negativos nos preços. No front externo, o desempenho das exportações de carne bovina in natura no acumulado das duas primeiras semanas de janeiro resultou numa média de 6,05 mil toneladas por dia, retração em relação ao resultado da semana passada, mas 13,8% superior à média de janeiro de 2020, relata a IHS.