Início de mês e chegada do auxílio emergencial podem contribuir para uma melhoria no consumo doméstico de carne bovina, embora esse seja o ponto fraco do mercado do boi gordo atualmente, relata o analista Hyberville Neto, da Scot Consultoria. Segundo ele, a oferta restrita de animais terminados e o bom ritmo das exportações de proteína vermelha continuam mantendo a arroba em patamares filmes, com viés de alta.
Nesta véspera de feriado nacional prolongado, os preços do boi gordo subiram mais um pouco nas praças paulistas, conforme apurou a Scot. As cotações das três categorias para abate registraram elevação nesta quinta-feira, na comparação com os preços do dia anterior. O boi gordo e a novilha avançaram R$ 1/@, para R$ 315/@ e R$ 304/@, respectivamente, preços brutos e a prazo. O valor da vaca gorda teve alta diária de R$ 2/@, negociada em R$ 287/@. Bovinos que atendem aos padrões de exportação (abatidos mais jovens, abaixo dos 30 meses de idade), os negócios ocorrem até em R$ 320/@, preço bruto e à vista.
Na avaliação da IHS Markit, neste 1º de abril, o mercado físico de boiada gorda se mostrou aparentemente mais agitado que o normal. As curtas escalas de abate na grande maioria das indústrias frigoríficas engatilharam novos movimentos de alta nos preços da arroba, informa a consultoria. “A escassez de oferta de animais prontos para abate parece ser mais severa que o imaginado pelo setor”, observa a IHS.
Mesmo com a paralisação de algumas unidades industriais, além de plantas frigoríficas que decidiram pular o dia de abate, os carregamentos de gado que chegam ao mercado são de pequenos lotes, suficientes apenas para dois ou no máximo quadro dias úteis nas escalas de abate, acrescenta a IHS.
No campo, as temperaturas estão se elevando nas regiões do Brasil-Central e, com isso, o pasto já dá sinais de perda de suporte em função da menor regularidade das chuvas. Por isso, em algum momento nas próximas semanas, a oferta de boiadas terminadas pode aumentar um pouco, embora analistas acreditem que não serão volumes significativos, devido ao processo de retenção de fêmeas e a baixa disponibilidade de machos devido ao movimento de liquidação de plantel no passado recente.
Ainda de acordo com a IHS, cresce o registro de transações interestaduais envolvendo animais terminados, uma tentativa dos frigoríficos em fechar negócios que ainda permitem alguma vantagem operacional ao comprador. Há relatos até de aquisições de lotes no Acre com destino ao porto de Santos para exportação de gado em pé, acrescenta a consultoria.
Na outra ponta, a demanda doméstica de carne bovina ainda segue muito inconsistente, efeito das severas restrições adotadas pelos governos no combate à pandemia de Covid-19. Neste contexto, o forte ritmo da exportação da proteína chega apenas a minimizar os efeitos do fraco consumo interno, observa a IHS.
No atacado de cortes bovinos, os preços continuaram estagnados. A baixa procura pela carne bovina tem contribuído para uma lenta reposição do produto nas gôndolas dos supermercados e açougues, enquanto diversos restaurantes, bares, escolas e outros serviços seguem fechados por causa das medidas sanitárias de prevenção à Covid-19. Assim, a retração na demanda por carne bovina impossibilita maiores ajustes nos preços dos cortes.
Fonte: Portal DBO