Enquanto o surto de um novo tipo de coronavírus em humanos (COVID-19) causa pânico na população da China e de outros países afetados, a doença não é novidade para os produtores de gado e de aves, relata a epidemiologista veterinária norte-americana Heather Simmons, diretora do Instituto de Doenças Infecciosas de Animais (IIAD) e chefe do departamento do Serviço de Extensão da Texas A&M AgriLife.
“O coronavírus é um vírus comum em rebanhos de gado e aves, vistos rotineiramente em todo o mundo”, disse Heather Simmons, de acordo com reportagem publicada no site norte-americano Feedstuffs.
Segundo ela, na vida selvagem, os morcegos são conhecidos por transportar mais de 100 tipos diferentes de coronavírus, e civetas selvagens também são a fonte do coronavírus que causa a SARS (síndrome respiratória aguda grave), doença relatada pela primeira vez na China em 2002. “Embora o nosso conhecimento sobre o assunto ainda seja um pouco limitado, os pangolins selvagens vendidos nos mercados de animais vivos podem estar associados ao surto recentemente relatado de coronavírus na China”, afirma ela.
Morcegos, civetas e pangolins são comumente vendidos em mercados na China, enfatiza a veterinária. “Os coronavírus da vida selvagem são perigosos, pois têm o potencial de sofrer mutações, adaptar-se e transbordar para novas espécies, incluindo seres humanos”, alerta.
No entanto, diz Heather Simmons, “é importante criar uma compreensão da diferença entre os coronavírus que ocorrem no gado e aves domésticos e os coronavírus que transbordam da vida selvagem para os seres humanos”.
Portanto, garante a veterinária, o coronavírus que contamina rebanhos bovinos domésticos não é transmissível aos seres humanos. A Organização Mundial da Saúde relatou que, embora se saiba que o MERS-CoV do coronavírus é transmitido de camelos dromedários para humanos, outros coronavírus que circulam em animais domésticos ainda não infectaram os humanos, enfatiza a reportagem.
“É isso que é muito importante entender no momento; estamos lidando com essas doenças há muito tempo, mas até o momento não vimos casos em todo o mundo transmitidos do gado para humanos ou vice-versa”, enfatizou Heather Simmons.
Nos bovinos, os coronavírus afetaram o sistema respiratório ou gastrointestinal, dependendo da espécie e da idade do animal. Em bezerros, problemas como a diarreia geralmente ocorre em animais com menos de três semanas de idade, devido à falta de obtenção de anticorpos quando o filhote não recebe colostro suficiente da mãe para criar imunidade. Os sinais clínicos incluem desidratação grave e diarreia.
A gravidade dos sinais clínicos depende da idade do bezerro e de seu estado imunológico. Isso costuma ser observado pelos produtores nos meses de inverno, já que o vírus é mais estável no frio. Por sua vez, a disenteria de inverno é encontrada em bovinos adultos. Os sinais clínicos incluem diarreia com sangramento e diminuição da produção, perda de apetite e alguns sinais respiratórios. Os coronavírus bovinos também podem causar doença respiratória leve ou pneumonia em bezerros até seis meses. O vírus é eliminado no ambiente através de secreções nasais e fezes.
Fonte: Portal DBO