A invasão da Rússia ao território ucraniano ainda não impactou diretamente no preço da @ do boi gordo. Isso pode ser explicado pela pequena participação de ambos os países na compra de carne bovina brasileira. Porém, outros insumos já começaram a sofrer as consequências do combate e podem afetar direta e indiretamente a pecuária nacional.
FERTILIZANTES
Os fertilizantes foram os insumos mais impactados até o momento. Uma vez que a Rússia é um grande exportador, tanto dos nitrogenados quanto dos fosfatados e potássicos. Em menos de uma semana o aumento registrado já foi de quase 6% e os preços que já estavam extremamente altos, ficaram quase que insustentáveis. O principal impacto para o Brasil se dá pelo fato de que 15% a 20% da demanda brasileira é suprida pelo país russo que suspendeu temporariamente a venda para o nosso país. Além disso, o gás natural (boa parte vindo da Rússia) é essencial para a produção de fertilizantes pela União Europeia, e com os embargos econômicos, a Rússia ameaça interromper o fornecimento do gás para os países europeus. Isso impactaria diretamente na produção dos fertilizantes, levando até a escassez dos produtos para o mundo, e consequentemente uma escalada gigantesca nos preços.
PETRÓLEO E GÁS NATURAL (Combustíveis)
A Rússia, principal fornecedor de gás natural para a Europa, pode parar o fornecimento a qualquer momento devido às sanções impostas. Essa situação do gás natural atrelado ao estado de guerra afetou diretamente o preço do barril de petróleo, que sofreu forte alta e já passa da casa dos US$ 100.
Gráfico mostrando as variações no preço do barril de petróleo Brent em uma semana (desde o início da invasão russa). Houve valorização acentuada nos preços nos primeiros dias do conflito e um pequeno recuo dos preços nos dois últimos dias devido a ações de outros países (EUA anunciaram a oferta de 10 milhões de barris de seu estoque para amenizar os efeitos do conflito). (Fonte: Investing.com)
A elevação do barril de petróleo no mercado mundial terá impacto direto nos valores da gasolina e do diesel para o consumidor, a menos que haja uma intervenção na política de preços da Petrobras pelo governo federal. O aumento dos combustíveis irá refletir diretamente nos valores dos fretes, já que a maioria das cargas no Brasil, sejam animais ou insumos, são transportados pela rodovia. Outro produto agrícola que pode sofrer aumento é a cana-de-açúcar, já que com o aumento do petróleo há uma maior procura pela cana para produção de etanol.
GRÃOS (Trigo, Milho e Soja)
A Rússia é o maior exportador de trigo do mundo e a Ucrânia, o quinto. O trigo, apesar de não ser muito utilizado na pecuária, é um grande balizador dos preços dos grãos. Devido ao confronto, os valores do trigo já atingiram o maior patamar em 14 anos, o que já começa a refletir no preço de outros grãos como milho com aumento de 5,06% e soja com aumento de 2,55% na última semana. O produtor deve estar atento ao preço do milho que pode sofrer mais reajustes, já que o conflito ainda não atingiu as regiões produtoras, mas as tropas russas continuam a avançar pelo território ucraniano e os principais portos do país já foram ocupados, prejudicando o escoamento da produção. Além disso, especialistas apontam que os preços desses grãos podem até não aumentar mais nos próximos dias, mas com certeza não irão reduzir. Deste modo, uma boa jogada pode ser se antecipar e já comprar e armazenar insumos como o milho e soja. Essa antecipação pode ser fundamental para evitar maiores prejuízos no futuro, já que essa tendência de alta nos preços desses grãos deve elevar ainda mais os custos de produção na pecuária.
Gráfico mostrando as variações no preço da soja em uma semana (desde o início da invasão russa). Houve valorização acentuada nos preços futuros devidos as incertezas econômicas que uma guerra provoca. (Fonte: Investing.com)