Disputa pelo boi mantém preço firme, na casa dos R$ 315/@
Pressionados pelo aumento nos custos da nutrição, pecuaristas negociam venda de garrotes para grandes confinadores, que esperam aumento da demanda interna ao longo do segundo semestre
Disputa pelo boi mantém preço firme, na casa dos R$ 315/@

Nesta quinta-feira, 29 de abril, o mercado físico do boi gordo registrou, novamente, estabilidade nos preços da arroba na maioria das praças pecuárias do Brasil, apesar da pressão de baixa por parte dos frigoríficos.

Dessa forma, o boi gordo, a vaca e a novilha seguem sendo negociados em R$ 312/@, R$ 290/@ e R$ 303/@ (preços brutos e a prazo), respectivamente, segundo dados apurados pela Scot Consultoria. A cotação para o boi-China está ao redor de R$ 315/@, valor bruto e à vista.



No mercado futuro, os contratos do boi gordo seguem subindo, considerando uma análise de comparação entre os valores atuais e os registrados há mês.

Na última quarta-feira, 28 de abril, a bolsa de mercadorias B3 apontava um valor de R$ 331,80/@ para os contratos com vencimento em outubro próximo (pico da entressafra), ante a cotação de R$ 320,25/@ registrada para este mesmo contrato em igual período de março deste ano.

Segundo análise da IHS Markit, nesta quinta-feira, a maioria das praças pecuárias apresentou piora na liquidez, consequência dos avanços recentes nas escalas de abate dos frigoríficos.

Embora a oferta de boiadas tenha melhorado nas últimas semanas, o maior conforto nas programações das indústrias frigoríficas reflete sobretudo a baixa utilização da capacidade de abate.

“Os frigoríficos seguem bastante cautelosos na aquisição de animais terminados, devido à dificuldade de escoamento da carne bovina no mercado interno”, informa a IHS.

As indústrias, continua a consultoria, seguem tendo grande dificuldade em repassar o aumento de custo da matéria-prima (boiada gorda) ao preço final da carne, por conta do fraco consumo interno.

Para evitar piora drástica nas margens operacionais, as plantas optam pelo uso reduzido da capacidade de abate, enquanto barganham preços menores no mercado do boi gordo.

Do lado vendedor, o período de seca trouxe condições de pasto insuficientes para retenção ou terminação do gado nas fazendas, observa a IHS.

“Ao mesmo tempo, os custos de suplementação estão altíssimos e não viabilizam a engorda no cocho”, acrescenta a consultoria. Desse modo, continua a IHS, vem crescendo a oferta ao mercado de lotes ainda não terminados.

Nesse cenário, relata a IHS, os pecuaristas de pequeno e médio optam, por exemplo, pela venda garrotes (com peso de 10-12@) para grandes confinadores, que têm melhores condições financeiras para arcar com os custos da engorda final.

Alguns produtores de raças premium, como Angus, fecham acordos com grandes indústrias, transferindo os seus animais para boiteis para não arcar com os altos custos de engorda”, observa a IHS.

Segundo a consultoria, os boiteis existentes no Mato Grosso e São Paulo já estão lotados.

“A ação das grandes indústrias do setor é se preparar melhor para a lacuna de oferta de gado que poderá ocorrer durante o segundo semestre do ano, devido à desistência de muitos invernistas em confinar animais”, analisa a IHS.

No mercado atacadista, os preços dos principais cortes permaneceram estáveis nesta quinta-feira.

Com a aproximação do final de semana, aumenta a expectativa dos entrepostos de carne bovina por uma maior procura de reposição de estoques da proteína, relata a IHS.

O setor também prevê aumento na demanda pela carne bovina no curto prazo, devido ao recebimento da massa salarial neste início de maio e à comemoração do Dia das Mães, quando normalmente há uma maior procura pela proteína vermelha.


Fonte: Portal DBO