A fertilização in vitro (FIV) é utilizada para agilizar a produção de bezerros e, consequentemente, bovinos geneticamente superiores. Caracteriza-se, juntamente à inseminação artificial (IA), à inseminação artificial em tempo fixo (IATF) e à transferência de embriões (TE) como uma biotécnica encarregada pela acelerada progressão genética dos rebanhos.
O diferencial da FIV é que a mesma possibilita que uma fêmea produza muitos bezerros por ano. Além disto, esta técnica permite a utilização de fêmeas geneticamente superiores que por algum motivo não possa reproduzir-se naturalmente.
Por que fazer FIV?
A FIV acelera o ganho genético do rebanho. Estima-se que a inseminação artificial (IA) permita a obtenção de um bezerro por ano, a transferência de embriões (TE) um por mês e a FIV um bezerro por semana.
Segundo a Embrapa Gado de Leite (2016) a utilização da técnica de fertilização in vitro na reprodução de bovinos leiteiros pode agilizar o melhoramento genético, encurtando em pelo menos três gerações ou cerca de 10 anos de seleção. Com isto, a FIV permite saltos rápidos na produção e qualidade de leite.
Etapas da FIV em bovinosA FIV ocorre em basicamente em três etapas:
- Maturação in vitro (MIV);
- Fertilização in vitro (FIV); e
- Cultivo in vitro (CIV).
Maturação in vitro
Esta etapa consiste na aspiração folicular guiada por ultrassom. Como trata-se de um procedimento minucioso, ou seja, que apresenta muitos detalhes, deve ser realizado somente por médico veterinário especializado.
Após a aspiração folicular, os oócitos da doadora são acondicionados em placas com meio de cultura para que a maturação seja finalizada em incubadora (por período de 24h). Depois, quando já maturados (com desenvolvimento completo), os oócitos encontram-se aptos à fertilização pelo espermatozoide.
FIVAo final da maturação, os oócitos são colocados em nova placa contendo meio de fertilização específico, onde serão co-cultivados com espermatozóides.
O sêmen é processado de forma que apenas espermatozóides vivos e livres de fatores indesejáveis sejam selecionados. Também é avaliada a concentração e motilidade (facilidade de se mover) para que seja ajustada a dose a ser utilizada.
Cultivo in vitroApós a fertilização in vitro, os possíveis zigotos (célula formada com a união do espermatozoide com o oócito) são novamente transferidos para nova placa contendo meio específico para que ocorra o desenvolvimento do embrião.
Ao término desta etapa, os embriões considerados viáveis são classificados e envasados individualmente em palhetas para que possam ser transferidos para vacas receptoras, também conhecidas como vacas “barriga de aluguel”.
Vantagens da FIV
O primeiro bezerro in vitro do Brasil nasceu em 1994. Desde este acontecimento, a técnica tem alcançado notoriedade devido às inúmeras vantagens.
Como vantagens, a FIV possibilita:
- Que um grande número de embriões seja produzido a partir de uma doadora (vários bezerros descendentes de uma vaca em um ano);
- Intervalo menor entre coletas;
- Qualidade genética superior dos embriões (vantagem em relação à inseminação artificial, na qual muitas vezes somente o macho é geneticamente superior);
- Resistência elevada à criopreservação (congelamento a temperaturas muito baixas);
- Aproveitamento de fêmeas mais novas ou mais velhas, que não suportariam uma gestação.
FIV em bovinos no Brasil
O Brasil é líder na produção de embriões bovinos pela técnica da fertilização in vitro (FIV), sendo exportador para países como Costa Rica, Uruguai, Bolívia, República Dominicana, Moçambique, Paraguai e Etiópica. Estes mercados foram abertos a partir do ano de 2015.
Essa tecnologia beneficia diretamente produtores de leite, do micro ao grande.
- Melhoramento genético do rebanho
- Aumento na proporção de nascimento de fêmeas
- Maior produtividade de leite/vaca/ano
- Aumento da renda com a atividade.
Estas melhorias ocorrem independente do sistema de criação, desde a criação de animais Girolando a pasto ou Holandeses em confinamento, por exemplo.
A possibilidade de transferência de embriões frescos foi um dos fatores que contribuíram para melhorar o custo/benefício. O Brasil desenvolveu incubadoras portáteis, que possibilitaram que o desenvolvimento dos embriões iniciasse no laboratório e terminasse no transporte em até cinco dias, enquanto transportados para a fazenda.
Fonte: Tecnologia no Campo