Criadores de bovinos de corte que estão apostando no Brangus colhem os resultados positivos desta decisão. No Estado do Rio Grande do Sul, conforme a superintendência de registro genealógico da Associação Brasileira de Brangus (ABB) o plantel é formado por cerca de 24,27 mil animais registrados. A perspectiva é que com os resultados comprovados, os números apresentem crescimento. No Brasil, entre 2015 e 2017, o número de animais registrados cresceu 10% conforme dados da entidade.
Um exemplo é a São Xavier, tradicional produtora de genética na metade norte do Rio Grande do Sul em campos do planalto gaúcho. Em 1981, na busca de ofertar uma opção aos clientes de animais com algum grau de sangue zebuíno, adaptado a uma região mais ampla no cenário da pecuária brasileira, o criatório iniciou a introdução do Brangus em nos plantéis Angus, onde nos primeiros anos foram disponibilizados 100% dos ventres para a utilização com touros 3/4 filhos de vacas sangue Brahman e touro Nelore. "Deste primeiro blend, fizemos a base de nossas matrizes Brangus naquilo que de melhor tínhamos selecionado e adaptado ao nosso ambiente na raça Angus e nos anos seguintes continuamos a introduzir os melhores linhagens Nelore através de algumas famílias que selecionamos para prover opção de acasalamentos em uma época que não se tinha muitas alternativas", explica Caio Viana, proprietário da São Xavier.
Na virada dos anos 2000, o criatório passou a abrir o rebanho para reprodutores de progênie comprovada no Brasil e principalmente touros argentinos formando uma base genética sólida do que é hoje o padrão Brangus São Xavier. Conforme Viana, importante também foi a linha de seleção em um biótipo funcional, prolífero, precoce e bom ganhador de peso, especialmente no sistema à pasto, base da seleção e criação da cabanha, que leva anualmente no seu leilão touros preparados neste sistema de alimentação. "Nesta jornada nunca deixamos de valorizar a utilização dos melhores pais produzidos na São Xavier em serviço de monta natural de forma a introduzir e massificar em todo o rebanho a genética das melhores mães em desempenho", observa.
Para Viana, o brangus tem desempenho à campo inigualável se adaptando as diversas regiões de sul a norte do país, ampliando o potencial de clientes. "Nós certamente vislumbramos crescer a nossa oferta na medida da demanda e qualificando através de uma seleção cada vez mais severa. O Brangus significou para a São Xavier a garantia de permanecer neste mercado de reprodutores também no futuro com uma raça que atende 100% às necessidades do criador no seu retorno econômico da atividade, e do consumidor final pela qualidade e sustentabilidade do sistema de produção", destaca.
A raça, que foi formada para unir a rusticidade das raças zebuínas com características do Angus, como a produção de carne de qualidade, tem entre suas vantagens os partos facilitados, altos pesos no momento da desmama e no sobreano, grande ganho de peso, tanto em pasto como em confinamento, fêmeas de reposição com puberdade precoce, enxertando aos 15 meses, e ainda oferece uma carne suculenta e macia, que atende aos mais exigentes paladares.
Texto: Nestor Tipa Júnior/AgroEffective