A garantia de um bebedouro limpo, sob o ponto de vista sanitário, é condição básica para o fornecimento de água limpa para os animais. Lembrando que água é de vital importância para a saúde animais e interfere no consumo de alimentos. Água suja é grande disseminadora de doenças.
Entretanto apesar deste grande avanço tecnológico nas produções pecuárias, uma parcela significativa das fazendas não realizam a limpeza , higiene dos bebedouros e tanques de reservatório de água, fato observado na maioria das fazendas onde os colaboradores realizam apenas uma etapa no processo de higiene, utilizando produtos inadequados e oferendo uma água de péssima qualidade aos animais.
Geralmente os bebedouros das fazendas são vistos como instalações que exigem poucos cuidados. Os colaboradores normalmente conferem se o nível de água está baixo, se a boia está quebrada ou se teve algum dano nas cordoalhas ou se os bebedouros estão quebrados.
A limpeza é realizada quando os bebedouros estão sujos e são utilizados produtos inadequados, voltando a sujeira novamente, como nas fotos abaixo:
O leitor pode observar que os bebedouros estão repleto de algas e outros elementos.
Porque ocorrem o aparecimento de algas nos bebedouros e suas consequências pelo consumo por parte dos animais será o tema deste artigo aqui na erural.
No próximo artigo abordaremos as formas de tratamento preventivo e adequado dos bebedouros.
Mas porque ocorre o aparecimento de algas no interior dos bebedouros dos bovinos?
O aumento da “população” de algas nos ambientes aquáticos deve-se a ocorrência da Eutrofização, que vem a ser um enriquecimento artificial causado pelo aumento das concentrações de nutrientes na água, principalmente por compostos nitrogenados e fosfatados, resultando num aumento dos processos naturais da produção biológica (Veiga,2011 apud Silva,2011).
A eutrofização natural ocorre em águas provenientes do escoamento superficial e também dos rios das bacias de drenagem que arrastam a matéria orgânica para dentro destes ecossistemas. Daí conclui-se que a captação de água dos rios são armazenadas e distribuídas aos bebedouros encontra-se rica em matéria orgânica , fato este que propicia ao aparecimento das algas.
Os fatores que propiciam o desenvolvimento da matéria orgânica e consequente aumento da população de algas nos bebedouros são:
Águas provenientes de rios, mananciais superficiais ou subterrâneos que não receberam tratamento químico nos reservatórios;
Inexistência ou deficiência de filtragem mecânica e biológica que retiram o excesso de matéria orgânica e detritos sólidos da água presente nos reservatórios centrais das fazendas.
Nos bebedouros a água fica parada, com baixa velocidade de circulação da água favorecendo a eutrofização, o acúmulo da matéria orgânica e consequentemente aumento da população de algas;
Alcalinidade da água, ausência de oxigênio e dureza da água são fatores predisponentes para o crescimento de algas;
Limpeza inadequada dos reservatórios com incrustação de matéria orgânica nas superfícies dos bebedouros;
Outro fator observado, é que a maioria das fazendas não realizam o processo de higiene de forma adequada, não utilizam corretamente os produtos e realizam os processos de forma aleatória.
Quais os perigos, por parte dos animais, de consumir água suja com algas?
Dentre os grupos de algas que se desenvolvem nos bebedouros estão as Cianobactérias, que é um grupo de algas cianofíceas.
Segundo Silva (2011), algumas florações de cianobactérias provocam alterações no gosto e no sabor da água, redução no oxigênio dissolvido, além da liberação de toxinas prejudiciais à saúde do homem e dos animais. De acordo com a pesquisa da Autora, há diversos registros de morte por envenenamento de bovinos, equinos, suínos, ovelhas, cães, peixes e invertebrados.
As toxinas das cianobactérias são conhecidas como cianotoxinas. As cianotoxinas produzidas ficam contidas dentro das células de cianobactérias em crescimento ativo, são liberadas para a água quando as células envelhecem, morrem ou rompem, tornando-se toxinas dissolvidas na água.
Um dos gêneros mais comuns de incidência nas florações algais é o gênero Microystis que sintetiza uma hepatotoxina chamada Microcistina, que pode permanecer na água por mais de 03 semanas (JACINAVICIUS, 2015)
Esta toxina causa sérios problemas de saúde nos animais e no homem como tumores, patologias hepáticas, vômitos, diarreias, prostração e dor abdominal (Jacinavicius, 2015)
Em relação a produção animal há diversos relatos na Austrália, Dinamarca, Áustria de morte de animais que consumiram água contaminada com florações de cianobactérias.
No Brasil os estudos são escassos não tendo comprovações científicas sobre a morte de animais devido a ingestão de águas contaminadas com algas.
Outra questão importante é quanto a ingestão da água de qualidade. Bebedouros com águas sujas limitam o consumo de água por parte dos animais.
A função mais importante relacionada a água na produção animal é em relação a nutrição animal, pois a ingestão de água apresenta correlação positiva com a ingestão de matéria seca, ou seja, quanto mais consumo de água maior consumo de matéria seca (o inverso também ocorre).
Por exemplo: o pastejo de capins de baixa qualidade em áreas tropicais resulta em baixa ingestão de água porque a ingestão de MS é baixa, logo em fazendas de produção de gado de corte o ganho de peso vai estar totalmente comprometido com o baixo consumo de matéria seca.
Ao concluir este artigo, verificou-se que água suja com algas pode levar os animais a morte, interfere na sanidade animal e também no consumo limitante da matéria seca.
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