Os produtores de Mato Grosso avançaram nas discussões sobre a conquista definitiva do status de área livre de aftosa, sem vacinação, para todo o seu rebanho de 30,98 milhões de bovinos. A meta obter esse status é em 2022 e se ver livre de um custo anual da ordem de R$ 86 milhões, estimativa do gasto dos pecuaristas para proteger seus rebanhos.
O debate foi o tema do 2º Fórum Estadual de Vigilância contra a Febre Aftosa, realizado nesta quinta-feira (22/10), no auditório da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), em Cuiabá. O evento presencial foi transmitido ao vivo pelo canal da Famato no YouTube.
“Nesse momento, conforme os estudos apontam, não há vírus circulante em Mato Grosso. A mensagem hoje é: tudo está sendo feito com responsabilidade. Não haverá retirada da vacinação sem as garantias de segurança necessárias”, diz o produtor Francisco Pugliesi de Castro, vice-presidente da Famato.
O cenário é um dos primeiros passos para que o Estado passe a reivindicar sua reclassificação dentro dos próximos dois anos e dependerá muito do apoio dos produtores daqui para frente.
“O produtor rural é o grande responsável por conquistarmos a imunização do rebanho. Entendeu a importância de vacinar e cuidar do seu plantel e, por isso, hoje temos condição de retirar a vacinação com segurança e manter a sanidade animal dos nossos rebanhos”, afirmou Castro durante o evento.
Livre de vacinação e de perdas
Atualmente, no Estado, a vacinação é feita em duas etapas, o que representa aproximadamente 43 milhões de doses, ao custo de R$ 1,50 cada, totalizando R$ 64 milhões de investimento ao ano. Estima-se ainda uma perda para o produtor de cerca de R$ 19 milhões, ao ano, com lesões dos animais, entre outros custos.
“A retirada da vacina em Mato Grosso vai deixar no bolso dos produtores R$ 86 milhões a cada ano”, afirmou o chefe da Divisão de Febre Aftosa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Diego Viali dos Santos.
Para se ter uma ideia, o custeio anual para a manutenção do Indea-MT é de aproximadamente R$ 25 milhões.
Próximos passos
Atualmente, segundo as diretrizes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), é necessário o cumprimento de 42 ações do Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (PNEFA) para que a área alcance o status livre sem vacinação. O Estado já cumpre 41 deste total, ações que estão sendo desenvolvidas desde 2017, e por isso está próximo de se ver livre da tarefa de vacinar os bovinos.
No entanto, a evolução dependerá também de outros Estados, já que o País foi divido em cinco blocos para favorecer o processo de transição de zonas livres de febre aftosa com vacinação para livre sem vacinação.
Mato Grosso possui um pequeno território no Bloco 1, que reúne também Acre, Rondônia e parte do Amazonas. A maior parte está do no Bloco 4, que reúne, além de Mato Grosso, nove Estados – Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Sergipe e Tocantins – mais o Distrito Federal.
A aftosa na América do Sul
O caminho para o Brasil ser classificado como livre sem vacinação não possui influências externas, como lembrou o chileno Alejandro Rivera, coordenador do Centro Pan-Americano de Febre Aftosa (Panaftosa).
Segundo Riviera, dos 13 países que fazem parte da Comissão Sul-Americana para a Luta Contra a Febre Aftosa (Cosalfa) – Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Panamá, Paraguai, Peru, Suriname, Venezuela e Uruguai – a Venezuela é a única área de risco que precisa ser mitigada.
Além do Estado de Santa Catarina, também são áreas livres da febre aftosa sem vacinação: Guiana, Suriname, Guiana Francesa, Peru, Chile e parte da Bolívia e da Argentina.
Fonte: Portal DBO.