O anúncio recente do acordo comercial entre os países do Mercosul com os da União Europeia, selado após negociações frustradas ao longo de duas décadas, é promissor para o setor brasileiro produtor de carne bovina. Além de zerar a tarifa para a carne exportada para o Velho Continente via Cota Hilton (atualmente em 20%), sobre a qual o Brasil tem o direito de embarcar anualmente 10 mil toneladas, haverá a abertura de mais uma cota para o países do bloco da América do Sul.
De uma nova cota, limitada a 99 mil toneladas, o Brasil deverá ter o direito de embarcar mais 42 mil toneladas para a União Europeia com uma alíquota fixa em 7,5%. O restante do volume deverá ser comercializado por Argentina, Uruguai e Paraguai com uma divisão prévia estabelecida pelo Fórum Mercosul da Carne, que reúne associações de produtores destes países.“É um acordo histórico, um acordo que vinha sendo esperado. […] Faz mais de vinte anos que vinha sendo negociado, vinha tentando entrar em acordo e entraram agora. É um acordo que vai atingir 780 milhões de pessoas, ou seja, são gigantes os benefícios que vai trazer”, celebrou o zootecnista e diretor de exportações da JBS na Europa (JBS Unifleisch), Juliano Jubileu.
O acordo ainda será analisado jurídica e comercialmente por ambos os lados envolvidos, portanto sua efetivação ainda passará por processo de alguns anos. No entanto, ponderou Jubileu, como a competição da carne brasileira na Europa será de alto nível, o produtor deve estar preparado desde já para estar à altura do desafio. “A gente tem que estar preparado para atender esta demanda e para valorizar o nosso produto. […] Hoje a gente perde muitas oportunidades de agregação de valor tanto ao rebanho quanto ao produto final na Europa. 1.700 fazendas habilitadas para exportar à Europa é muito pouco”, lamentou o zootecnista, referindo-se à quantidade de estabelecimentos rurais aprovados na Lista Trace. “Os nosso competidores aqui fora, Argentina, Uruguai, a Cota 481, com Estados Unidos, com Canadá, têm uma carne de alta qualidade”, reforçou.
Jubileu destacou que além do benefício direto de agregação de valor às animais comercializados, com remuneração especial da indústria pelo produto premium, há uma série de benefícios indiretos ao pecuarista que volta sua produção para o atendimento a este mercado. “Existe tanto um benefício tanto indireto como um direto. O direto seria ele ser remunerado. O indireto seriam todas estas coisas dentro uma boa gestão, que a estas propriedades vão com certeza trazer resultados positivos. Eu acredito que hoje a indústria vem fomentando isto, sendo capaz de remunerar melhor o pecuarista pela entrega de um produto, um animal de melhor qualidade, mais jovem, bem acabado em sua carcaça”, afirmou o zootecnista.
“Hoje se o produtor consegue aprovar sua fazenda dentro da Lista Trace, ele vai conseguir negociar melhor seus animais, ele vai ter uma melhoria de gestão na própria fazenda. […] Isso no futuro vai trazer um rendimento, uma rentabilidade muito maior”, argumentou.
Fonte: Giro do Boi