Ainda na década de 80 do século passado, casos de animais “dóceis” se tornando agressivos e com comportamento confuso começaram a surgir. Estavam mais sensíveis a estímulos comuns do dia a dia, reagindo com movimentos rápidos e aleatórios das orelhas, se lambendo de modo repetitivo e, mais adiante, apareciam casos de descoordenação motora, acarretando em dificuldades até mesmo de se levantar. O óbito era consequência direta dos sintomas e poderia vir entre um e dois meses desde o começo dos mesmos.
Ao analisar os tecidos dos animais acometidos por tais sintomas, foi notado que o tecido nervoso central dos exemplares apresentava aparência anormal quando observado no microscópio. O cérebro dos animais apresentava inúmeras perfurações entre as células, trazendo um aspecto esponjoso. Por isso, a doença ficou conhecida como: encefalopatia (complicação de doenças que podem desencadear perturbações na função cerebral) espongiforme (pelo aspecto esponjoso encontrado no tecido nervoso) bovina ou “mal da vaca louca”, derivado do comportamento anormal apresentado pelos animais infectados.
Apesar da gravidade dos sintomas e das consequências da enfermidade, foi notado que não havia contaminação direta de um animal para o outro e com o passar dos muitos e muitos testes feitos, ficou comprovado que a doença não era gerada por nenhum tipo de vírus, bactéria, fungo ou protozoário. A causa era um príon, oriundo de uma proteína priônica que, em sua forma normal, existe na parte externa da membrana celular, principalmente dos neurônios. Mas sua forma anormal, denominada de príon, forma fibras que se acumulam dentro da célula afetando seu funcionamento e posteriormente trazendo a morte celular. Os príons se espalham pelo organismo, causando morte celular em massa, o que acarreta inevitavelmente na morte do indivíduo.
Mas o que leva os príons a agirem de forma anormal?
Há basicamente duas formas de “gerar” o funcionamento anormal. A clássica, que se mostra muito mais perigosa para sanidade dos rebanhos e a atípica, que age de forma mais individual, não apresentando grande potencial de risco ao rebanho como um todo.
A forma atípica ocorre de forma “espontânea”, por uma forma de predisposição genética, ou mutação. Em geral, esta forma ocorre em animais com mais de 10 anos, o que raramente é encontrado nos sistemas atuais de produção, onde a intensividade é cada vez mais presente.
Já a clássica, ocorre a partir do contato com instrumentos contaminados ou mesmo o consumo direto de materiais contendo principalmente cérebro, olhos e medula espinhal de animais infectados pela enfermidade. Estes podem compor insumos tipicamente utilizados na alimentação animal, como: farinha de carne e ossos ou cama de aviários.
E foi assim que surgiu a hipótese mais aceita da origem da encefalopatia espongiforme bovina. O que se tem é que aqueles animais que apresentaram os primeiros sintomas foram alimentados com concentrado contendo farinha de carne e ossos proveniente de ovelhas com uma doença já conhecida desde 1730, a Beatiza scrapie. Que também afetava o sistema nervoso central dos pequenos ruminantes, trazendo os príons para dentro do organismo dos bovinos o que levou a aparição desta nova variante.
O Brasil apresenta risco insignificante para o acontecimento desta enfermidade, o que confirmou-se após a última suspeita de EEB, em território nacional, ser confirmada como atípica. Isso traz ainda mais segurança para os consumidores de nossa proteína bovina, sejam eles brasileiros ou não. Porém, os embargos para exportações ainda seguem, o que, juntamente com as condições climáticas que atingem grande parte do país, pressionam o preço do boi gordo para baixo. Mas, as previsões são que as chuvas retornem com certa intensidade, principalmente para Bahia, na segunda quinzena de outubro, o que se intensificará no mês seguinte. Isso, junto a manobras políticas, ganha corpo no que se refere às negociações de retomada das exportações, sobretudo com a China, trará alívio na pressão que a @ vem sofrendo. Puxando para cima não só o preço do bovino terminado, como também das demais categorias, retomando o cenário tido no início desse semestre, com cotações próximas dos R$325,00/@ para o boi gordo no final deste ano.
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