História: Em 1915, começou a seleção de Brahman, quando W. J. Hudgins comprou 40 fêmeas aneloradas descendentes de animais importados da Índia. 0 grande impulso, no entanto, aconteceu quando os Estados Unidos realizaram duas importações de Zebu do Brasil, em 1923 e 1924. O objetivo fundamental de seus formadores era criar uma raça que pudesse aguentar calor, umidade, insetos, parasitas e doenças típicas do Golfo do México na penúltima virada de século. Esses pioneiros eram criadores que gostavam das características das raças inglesas (Angus, Hereford e Shorthorn) como produtoras de carne, mas não podiam fazer com que elas tivessem sucesso e prevalecessem na inóspita região subtropical do Sul dos Estados Unidos.
Com raízes no próprio Brasil, a raça - que apresenta dois tipos de pelagem: branca (cinza) e vermelha - conta agora com mais de 100 anos de desenvolvimento, com tecnologia genética voltada para produtividade, e aprimorada nos Estados Unidos.
Tolerância ao calor e a temperaturas baixas: A capacidade do Brahman de tolerar altas temperaturas faz dele o animal de corte ideal para as áreas quentes e úmidas, principalmente por possuir pêlo curto, grosso e sedoso que reflete os raios de sol. A pele é solta com pigmentação escura o que contribui para sua tolerância ao calor.
No frio, sua pele se contrai, aumentando a grossura de pele e a densidade do pêlo, que fica longo e tosco com uma pelagem inferior densa. Isto pode ser observado tanto em seu país de origem, Estados Unidos, quanto na Argentina e também no Brasil, através dos plantéis do Rio Grande do Sul, onde a raça mostra extrema adaptabilidade e eficiência a campo.
Resistência a insetos: Sua cor clara atrai pouco os insetos e a pelagem curta e grossa impede a penetração dos mesmos.
Facilidade de parto: O bezerro Brahman pesa, em média 27 a 29 kg ao nascer, o que descartam as possibilidades de problemas no parto. Mas contribuem também o fato de a vaca possuir a grande área pélvica, bem como a cabeça e ombro do bezerro não serem desproporcionalmente grandes ao nascer, o mesmo acontece com as fêmeas F1 híbridas do Brahman.
Desempenho reprodutivo: Uma marca da adaptação ambiental do Brahman está na sua capacidade de reproduzir-se regularmente - as vacas parirem um bezerro com bom potencial de crescimento todos os anos e os touros montarem um número normal de vacas numa determinada época, isto devido à alta tolerância do Brahman a temperaturas altas onde acontecem a maioria das estações de monta.
Resistência a doenças: Esta característica está estreitamente associada à sua capacidade de tolerar temperaturas altas. Por possuírem pigmentação escura ao redor dos olhos, praticamente não padecem de câncer do olho.
Características: O Brahman tem sido muito usado no Brasil para a realização de cruzamento industrial com as diversas raças existentes e tem mostrado sua grande importância, pois os principais países que concorrem com o Brasil nas exportações de carne usam como base o gado Brahman. O melhor exemplo é a Austrália, o 2º maior exportador de carne mundial, onde 70% do seu rebanho de corte tem grau de sangue da raça. Os Estados Unidos, Colômbia e México também tem importantes rebanhos de corte com base no Brahman.
Cruzamentos para carne: Cruzado com taurinos, tauríndicos e outros zebuínos o Brahman evidencia muito mais que rusticidade. Coopera muito na genética de ganho em peso e na qualidade de carne. Vários touros que têm os seus marcadores moleculares conhecidos são referências para obtermos cruzados que são abatidos cedo e com bons resultados de rendimento e qualidade de carcaça. A cruza Brahman é tão boa na engorda como na reprodução. Muitas experiências mostrando machos meio sangue Brahman/Nelore com média de 252 quilos e as fêmeas com 235 quilos. Na F1 com Angus, os machos são desmamados com 268 quilos e as fêmeas com 251 quilos. Os machos confinados são abatidos aos 24 meses e com média de 545 quilos. Já o gado engordado exclusivamente a pasto é abatido aos 30 meses com 530 quilos. Ambos com ótima cobertura de carcaça. As fêmeas iniciam-se na reprodução aos 20 meses (400 quilos). O primeiro parto se dá por volta dos 30 meses e são evidentes: habilidade materna, docilidade, rusticidade. Isto é tudo que se deseja numa boa matriz e também numa receptora. A cruzada de Brahman é uma ótima receptora.
Formador de raças: O cruzamento entre Brahman e o gado taurino, é uma prática amplamente utilizada em diversos países como Austrália, Argentina e Estados Unidos. Neste último país, foram formadas diversas raças sintéticas a partir do cruzamento com Brahman, como o Brangus (Com Angus), o Braford (Com Hereford), o Santa Gertrudis (Com Shorthorn), o Bravon (Com Devon), o Brahmousin (Com o Limousin), o Charbray (Com o Charolês) e o Simbrah (Com o Simental).
Cruzamentos para leite: 4.000 quilos de leite numa lactação de 305 dias já é dado oficial de lactação de Brahman em controle da ABCZ. É compensadora também a utilização da raça por pequenos produtores de leite que usam os touros Brahman nas suas vacas ou as inseminam com eles. O bezerro nasce com mais agilidade, crescem mais sadios e com a venda de machos e fêmeas conseguem buscar reposição com menor custo. Já compram fêmea em lactação para a reposição com a venda de menos de quatro bezerros desmamados. No Brasil, já estão fazendo o que em outros países já é costumeiro, a cruza da Brahman com a Holandesa, um tipo (Brahmolando) muito produtivo para leite em criação extensiva. A recordista mundial de produção de leite é uma Brahmolando chamada Ubre Blanca. Produziu mais de 24 mil quilos numa lactação de 305 dias.