Técnicas de manejo bem estabelecidas e disseminadas
Os pontos que precisam ser melhorados no manejo de bovinos são: bem-estar animal; adequação de estruturas; treinamento; e nutrição e transporte de animais. Melhorias em tais pontos têm sido desenvolvidas e divulgadas por entidades públicas e privadas visando a conscientização do pecuarista quanto à sua importância para a produtividade e rentabilidade. Com a forte pressão do mercado por práticas adequadas às exigências do consumidor, o pecuarista está sendo demandado a aderir a novos padrões de manejo com o gado. Por isso, é provável que as melhores técnicas de manejo estejam bem estabelecidas até 2040, com maior aderência por parte dos pecuaristas.
Tecnologia no monitoramento de índices zootécnicos
A tecnologia empregada em sistemas de coleta, armazenamento e análise dados da produção animal tem aumentado. Sistemas de monitoramento da terminação têm sido utilizados para acompanhar o desenvolvimento, detectando enfermidades pela análise semiautomática de comportamento atípico. Balanças e cochos eletrônicos têm sido utilizados para medida do consumo e eficiência em ganho de peso. A produção de aves, suínos e leite utiliza mais tecnologia no monitoramento do que a produção de bovinos de corte. O aumento da adoção leva a ganho de escala na produção de tecnologias que pode levar à redução do custo, e vice-versa. É provável que, em 2040, o uso de automação no monitoramento dos índices zootécnicos na produção de bovinos de corte esteja disseminado.
Uso de materiais reciclados na fazenda
O consumidor dá cada vez mais importância às práticas de produção preocupadas com a sustentabilidade, entre elas, o uso de produtos reciclados. Dessa maneira, prevê-se que a pecuária se utilize cada vez mais de materiais recicláveis ou reciclados em currais, cochos, bebedouros e cercas. Alguns exemplos atuais são currais feitos de pneus de descarte, cercas feitas de garrafas PET e cochos “big bags” feitos com material reciclado. Alguns governos locais têm fomentado a manufatura de tais produtos e o estímulo federal disseminaria a prática no país. Alguns fatores podem desestimular o uso de materiais reciclados. Por exemplo, se a disponibilidade de madeira barata nas propriedades aumentar pela adoção de sistemas ILPF (integração lavoura-pecuáriafloresta). Outro empecilho é a falta de conhecimento dos produtores de técnicas de utilização de materiais alternativos, privilegiando a continuidade dos já utilizados. Se maior divulgação for feita, com aumento da cobrança dos consumidores por práticas mais sustentáveis, certamente haverá maior utilização de produtos alternativos.
Suplementação proteica via consórcio ou via cocho?
A suplementação proteica via consórcio de pasto convencional com forrageiras é algo pouco aceito pelo produtor de bovinos de corte no Brasil atualmente. Devido à extensão territorial das pastagens brasileiras, esta técnica impõe importantes dificuldades na operação e manejo. Além disso, o pecuarista não se adaptou à técnica porque essas forrageiras não são perenes e necessitam de plantio com maior frequência que capineiras tradicionais. O sistema oneroso faz com que o produtor, ao optar por suplementação proteica, acabe optando por fornecimento no cocho das mesmas. Uma alternativa que tem sido difundida atualmente é o consórcio de pastagens com cultivares resistentes de plantas leguminosas, o que favorece o manejo e diminui a necessidade de suplementação no cocho, trazendo maior rentabilidade ao sistema produtivo. É baixa a probabilidade de adoção de suplementação proteica por consórcio até 2040.
A tecnificação traz avanços às pastagens
Medidas têm sido tomadas pela assistência técnica para maior conscientização da importância dos
cuidados que se deve ter com as pastagens, não só como fator ambiental, mas também como fator
econômico. A pecuária não pode mais ser extrativista, cuidados devem ocorrer de forma a maximizar o
aproveitamento das plantas, já que condições climáticas favoráveis não faltam no Brasil. A expansão dos
sistemas integrados, ILPF, ILP e PF tem auxiliado na recuperação de pastagens, e há grande
probabilidade de que haja adoção de reforma de pastagens com espaçamento de períodos mais curtos
do que atualmente na pecuária de corte no Brasil. Porém, a tecnificação do setor pecuário pode melhorar
ainda mais esse cenário, trazendo maiores cuidados às pastagens, realizando a manutenção da
produtividade, não sendo necessário propriamente reformá-las com tanta frequência.
Recuperar pastagens degradadas é quase que uma obrigação
Segundo a Embrapa(1), 80% das pastagens brasileiras estão degradadas em níveis moderado ou
avançado. Pressões internas e externas estimulam a recuperação de pastagens degradadas em
substituição à abertura de áreas, principalmente na borda amazônica. O mapeamento de áreas por
satélite tem sido cada vez mais preciso, favorecendo o controle do desmatamento, desestimulando a
abertura de novas áreas. Nesse contexto, o pecuarista teve que se reinventar e aumentar a sua
produtividade. A adoção de sistemas integrados conta com incentivos governamentais e também
favorece a recuperação de áreas degradadas. A tendência é que, até 2040, boa parte da área
degradada já possa estar recuperada.
Fonte: Embrapa/Boletim CiCarne