Um grupo de cerca de 120 trabalhadores de frigoríficos realizou, nesta quinta-feira (24/9) uma manifestação em frente à B3 - Bolsa de Valores de São Paulo - para denunciar o elevado número de casos por Covid-19 entre profissionais do setor.
A mobilização foi convocada por Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação e Afins (CNTA), Confederação Brasileira dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação da CUT (Contac) e União Internacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação (UITA).
A entidade estima que mais de 20% dos trabalhadores do setor já tenham sido contaminados pela Covid-19 - número que, segundo Camargo, não foi constatado pelo governo nem pelos frigoríficos. “Muito provavelmente, o número deve ser muito maior. Tanto é que ninguém contesta”, aponta o presidente da CNTA, Artur Bueno Camargo.
Os trabalhadores reivindicam a adoção de três medidas adicionais de proteção contra a Covid-19: o fornecimento de máscaras do tipo PFF2, de maior eficácia na proteção contra o coronavírus; criação de um turno adicional de trabalho com redução do número de trabalhadores, para aumentar o distanciamento social nas plantas; e testagem em massa.
Ameaça de greve
"Nós nos reunimos com os frigoríficos e apresentamos essas propostas, mas como não avançaram as negociações, estamos intensificando a nossa campanha porque os dois maiores grupos do país, a BRF e a JBS, são de capital aberto” , explica Camargo, ao ressaltar que os sindicatos limitaram a participação dos trabalhadores na manifestação, para evitar aglomerações - motivo pelo qual também estão evitando início uma greve.
Caso as negociações não avancem, contudo, Camargo afirma que a categoria está disposta a correr riscos e paralisar as atividades. “Se chegarmos ao ponto de não haver mesmo uma disposição por parte dos frigoríficos e do governo para dar condições mínimas para garantir a vida dos trabalhadores, vamos ter que correr esse risco, de ir pra porta da fábrica e começar a fazer paralisação”, relata o presidente da CNTA.
Camargo também reconhece os prejuízos que o movimento pode causar à economia do país. “A situação nos obriga a fazer esse manifesto junto aos acionistas e mostrar como está a situação. Tudo isso é muito ruim para o próprio país, mas nós não podemos nos calar”, conclui o sindicalista.
Fonte: GloboRural
Foto: Luiz Biajoni/Divulgação