A importância da mandioca na alimentação bovina
Essa raiz tipicamente brasileira é de grande valia na alimentação de ruminantes, porém seu uso exige certo cuidado.
A importância da mandioca na alimentação bovina

Sabemos que grande parte dos alimentos consumidos por nós gera subprodutos que são comumente utilizados na alimentação animal. O farelo de soja, melaço, bagaço de cana e poupa cítrica talvez sejam os mais conhecidos resíduos utilizados na alimentação de bovinos mas e a mandioca?  

De origem absolutamente brasileira, a mandioca (Manihot sculenta Crantz) já estava presente na alimentação dos povos nativos quando os portugueses aqui chegaram. O Brasil é responsável por cerca de 12% da produção mundial dessa planta e já não é novidade que a mandioca está presente na mesa da população de norte a sul gerando um consequente potencial de uso dos seus subprodutos na alimentação animal. 

O modo mais comum de plantio da espécie é através da técnica de estaquia, que utiliza frações do caule para replicação de novas mudas, o que inibe a utilização do mesmo como subproduto. Mas temos dois importantes componentes fornecidos pela planta que podem e são utilizados para alimentação animal, as folhas e as raízes, apresentando inclusive alto valor nutricional quando utilizado da maneira correta.  As formas como estas podem ser utilizadas são bastante variadas, partindo desde in natura ou através dos restos culturais até resíduos agroindustriais da mandioca, como a casca, farinha de varredura e massa de fecularia além de sua área folear poder ser utilizada e conservada com uma vasta gama de técnicas. 

Nutricionalmente falando a mandioca é muito dinâmica, sendo que, de forma geral, os produtos oriundos de sua raiz apresentam elevados níveis de carboidrato e baixos níveis proteicos, compatíveis com alimentos energético assim como o milho e o sorgo, por exemplo. Já na sua porção foliar, quando farelada, a concentração de proteína na matéria seca traz números iguais ou superiores a 20%, o que a classifica como alimento proteico. Com tais características são amplos os modos de uso para este tão rico recurso da flora brasileira. 

Mas não são só vantagens, há inúmeros relatos de intoxicação em animais que consumiram produtos originados da planta quando não tratados adequadamente. A intoxicação se dá a partir de um glicosídeo cianogênico chamado linamarina que em contato com o conteúdo estomacal sofre hidrolização dando origem ao ácido cianídrico que tem efeitos altamente tóxicos, impedindo o aproveitamento do oxigênio pelos tecidos o que traz dificuldade respiratória excesso de salivação e falta de coordenação motora como sintomas frequentes.  Contudo não há porque se desesperar, já que técnicas simples como a secagem ao sol dos produtos oriundos da raiz, ou a ensilagem da parte aérea dissipam os agentes tóxicos de maneira simples e eficaz.


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