As próximas semanas podem ser decisivas para o mercado físico do boi gordo, devido à aproximação do período mais seco do ano, o que poderá favorecer à maior entrada de oferta de animais terminados, observam os analistas de mercado. No entanto, nesta segunda semana de março, o mercado físico do boi gordo registrou pouca liquidez de negócios, ainda sob efeito da oferta restrita de animais prontos para abate, além do posicionamento mais cauteloso nos negócios, tanto por parte das indústrias quanto dos pecuaristas.
Veja ao final deste texto os preços desta sexta-feira (12/3) do boi gordo e da vaca gorda nas principais regiões de pecuária do País.
Segundo relatos da IHS Markit, os primeiros lotes terminados a pasto ainda chegam ao mercado de forma muito esparsa. Além da baixa oferta de boiadas alimentadas exclusivamente com capim (devido ao atraso este ano na chegada da chuva no Brasil-Central), os pecuaristas seguram propositalmente os lotes nas fazendas.
“As boas condições das pastagens geram possibilidade de retenção de animais no campo, na tentativa de negociar preços maiores pela arroba bovina”, afirma a IHS, acrescentando que os pecuaristas estão preocupados com os elevados preços do milho e outros insumos no mercado interno (o que resultou no encarecimento nos custos da ração) e, sobretudo, com os altos preços pagos pelso animais de reposição.
Ao mesmo tempo, informa a IHS, a indústria frigorífica alega dificuldade no repasse das sucessivas altas nos preços da arroba bovina aos demais elos da cadeia, manifestando temores ainda maiores com as medidas de restrições mais rígidas adotadas em diversas regiões do País no combate à pandemia de Covid-19.
Dessa maneira, a indústria mudou a sua estratégia de compra, cadenciando o ritmo das aquisições de gado, pulando dias de abate, elevando a capacidade ociosa e optando, em alguns casos, por de férias coletivas. “Os frigoríficos têm demonstrado grande preocupação com a situação econômica do País, a ponto de aumentar a quantidade de unidades de abate paralisadas em razão da falta de escoamento da produção de carne na ponta final da cadeia”, ressalta a IHS.
Além da baixa oferta de machos prontos para abate, o típico descarte de vacas neste período do ano (encerramento da estação de monta) não vem ocorrendo, efeito do uso das fêmeas como matrizes, visando driblar o maior ônus da reposição, relata a iHS. Nesta conjuntura, o pleito entre pecuaristas e frigoríficos permanece sem definição, porém oferecendo grande firmeza aos preços da arroba do boi gordo. “As expectativas se voltam para abril, com a possibilidade de maior entrada de gado de pasto em função do avanço do período mais seco do ano”, enfatiza a IHS Markit.
O atacado segue demonstrando demanda tímida, embora foi observado alguns reajustes de preços entre os principais cortes bovinos. Os consumidores, no entanto, deram preferência para os cortes de menor valor agregado, conforme expectativas oriundas do cenário econômico atual.
No mercado externo, a demanda sinalizou grande força, incentivada pelo enfraquecimento do real frente ao dólar e retomada das vendas a China. De acordo com a Secex, o volume embarcado na primeira semana de março alcançou 30,5 milhões de toneladas, com uma média diária de 6,1 mil ton./ dia, avanço de 7,7% em relação a fevereiro/21 e 6,8% superior à média registrada em março/20.
Além da melhora de volumes vendidos ao exterior, o preço por tonelada exportada ficou em US$ 4.583, valor 11,4% maior que o de março/20. Nesta semana, alguns Estados e municípios receberam do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) o reconhecimento nacional como locais livres de febre aftosa sem vacinação, fator que pode alavancar a demanda internacional por carne bovina, como é o caso do Rio Grande do Sul.
Fonte: Portal DBO