O médico veterinário, doutor em reprodução animal na área de estudos sobre a IATF e pós-doutor em biologia uterina Manoel Sá Filho, gerente da Alta Genetics e convidado especial do Giro do Boi, elencou quatro pilares para uma estação reprodutiva de sucesso:
1 – Nutrição;
2 – Sanidade;
3 – Fertilidade (do sêmen ou do tourinho);
4 – Gestão.
“Quando a gente fala desta parte de reprodução, os aspectos-chave para a gente ter uma boa eficiência giram em torno, principalmente, de nutrição animal – então tem que levar em consideração todo um aspecto de saída de seca nesta época. A gente também fala de um calendário sanitário muito organizado – a questão sanitária do rebanho tem que ser muito ajustada. A questão de fertilidade do sêmen, seja para uso no programa de inseminação ou mesmo na monta natural, a gente deve fazer o exame andrológico nos touros para a estação. E passa ainda por toda uma organização da fazenda – a gente fala de organização dos funcionários, do treinamento desta mão de obra porque, no final, são eles que conduzem todo o trabalho, fazem toda a organização, o trato, tocam do início ao término. Então todo esse planejamento e esse treinamento dos funcionários são fundamentais neste momento pré-serviço”, explicou.
O veterinário celebrou o fato de que o Brasil possui uma das melhores sociedades científicas para produção e disseminação de técnicas e tecnologias de reprodução animal, mas ponderou o fato de que o desafio da pecuária de corte nacional é implementar todo o conhecimento produzido no campo. Para tanto, a gestão do processo torna-se fundamental.
“Esse planejamento, ajustado com a equipe que nós temos, gera com certeza uma harmonização desta implementação das tecnologias e, seguramente, a gente tem um melhor resultado. Sem ter planejamento, a gente não consegue prever dificuldades e não consegue se ajustar, aí acaba ficando muito em cima da hora e a gente acaba tendo alguns erros”, alertou.
O especialista deu ainda dicas para o criador decidir a genética a ser usada. “Hoje quando a gente fala de aquisição de genética, o primeiro ponto fundamental que a gente tem que ter é um objetivo claro da produção. A escolha do reprodutor não pode ser aleatória – ou porque gostei deste ou porque não gostei daquele. Primeiro tem que ter muita atenção ao estabelecer um plano genético para a fazenda”, recomendou.
A tarefa de estabelecer esta linha genética a ser trabalhada na propriedade deve estar cumprida muito antes da estação de monta, conforme indicou Manoel, e o produtor que define na última hora pode encontrar dificuldades conforme a configuração atual do mercado de genética bovina no Brasil. “Esta aquisição de última hora traz problemas. Primeiro é uma questão de estoque de produto – o mercado de inseminação hoje está extremamente aquecido. Mesmo num ano como este, […] o agronegócio, especificamente o mercado de reprodução, de genética, tem apresentado crescimento muito significativo”, informou.
“Deixar para última hora é um risco muito grande do produtor não usar a genética necessária para fazenda dele porque a produção de sêmen dos touros é uma produção finita, você tem uma quantidade que cada touro produz num ano. Se o produtor deixa para a última hora e não se programa, dificilmente ele vai acessar aqueles touros necessários. Aí não será o touro que ele escolheu, os touros que são necessários para a evolução genética, para o direcionamento genético da sua fazenda”, completou.
Fonte: Giro do Boi