Nesta quinta-feira (25/2), o mercado brasileiro do boi gordo repetiu o comportamento dos últimos dias, ou seja, a arroba ficou estável na maioria das praças pecuárias. Em São Paulo, referência para as demais regiões de boiadas do País, o animal terminado oscila ao redor de R$ 300/@, preço bruto e à vista, enquanto a vaca e a novilha gordas são negociadas, respectivamente, em R$ 282/@ e R$ 292/@, segundo dados apurados pela Scot Consultoria. Os negócios envolvendo animais gordos que atendem aos padrões de exportações (bovinos jovens, com até quatro dentes) são efetivados em R$ 305/@, na praça paulista.
Segundo levantamento da IHS Markit, as escalas de abate das indústrias frigoríficas continuam curtas, variando de três a quatro dias úteis, salvo raras exceções. O fraco consumo interno de carne vermelha mantém a procura por animais prontos para abate acomodada, esclarece a IHS. “As indústrias estão preocupadas com o acúmulo de estoques de carne em suas câmaras frias e, por isso, avaliam melhor estratégia de compra de gado, para não prejudicar ainda mais as suas margens operacionais”, relata a consultoria, lembrando que os custos dos frigoríficos já sofreram considerável aumento por causa da explosão nos preços da matéria-prima (boiadas).
Em relação à estratégia atual adotada pelos pecuaristas, observa a IHS, também há muita cautela no momento de negociar os seus lotes de animais prontos em função dos maiores custos de produção, inflacionados, sobretudo, pelos preços recordes da reposição, além dos avanços nos preços da nutrição (sobretudo o milho).
“Os pecuaristas que possuem alguma oferta de gado terminado tentam barganhar melhores condições de preços, já que a boa qualidade do pasto também possibilita tal vantagem”, ressalta a IHS.
Giro pelas praças
Entre as diversas regiões pecuárias, a liquidez de negócios, assim como o comportamento dos preços da arroba, apresenta algumas particularidades locais, informa a IHS. No interior paulista, o mercado operou com preços ligeiramente mais frágeis, segundo apurou a IHS, devido à saída de muitas indústrias das compras de gado. Mesmo assim, relata a consultoria, a oferta restrita não permite um movimento mais acentuado de queda nas indicações de preço.
Em algumas regiões do Mato Grosso do Sul e Paraná, a arroba sofreu queda nesta quinta-feira, em função da dificuldade dos frigoríficos repassarem custos operacionais aos preços da carne, devido a lentidão de escoamento no mercado doméstico.
No Mato Grosso, os preços do boi gordo seguem firmes, como novos ajustes nas cotações das fêmeas gordas. Nas demais praças do Centro-Sul, a demanda fraca manteve os preços dos animais terminados estagnados, informa a IHS.
Na região Norte, os preços do boi gordo chegaram a esboçar firmeza entre alguns Estados. Em Rondônia, a arroba subiu, pois havia unidades de abate com necessidade de preencher escala para amanhã (26/2). No Pará e Tocantins, os preços da boiada gorda também segue firme, devido à maior demanda de plantas habilitadas para exportação. Segundo apurou a IHS Markit, indústrias locais relataram que novos carregamentos foram contratados pela China.
Ritmo fraco de vendas no atacado
No mercado atacadista, mesmo com a chegada de mais uma virada de mês, o ritmo das vendas ainda está abaixo das expectativas do setor, o que vem contrariando as indústrias frigoríficas, que temem ter que realizar novos ajustes nos preços para gerar maior vasão da produção dos cortes bovinos.
Preço Cepea
O preço do boi gordo em São Paulo vem sendo negociado acima dos R$ 300 desde o início de fevereiro, segundo dados apurados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). No entanto, na quarta-feira, 24, o Indicador CEPEA/B3 (estado de São Paulo, à vista) teve pequena queda, fechando a R$ 299,50.
Porém, no acumulado do ano (de 30 de dezembro de 2020 a 24 de fevereiro de 2021), o índice Cepea ainda apresenta avanço de 12%.
Segundo os pesquisadores do Cepea, a baixa oferta de animais prontos para o abate ainda sustenta o movimento de aumento nos valores da arroba. “Vale mencionar, no entanto, que, mesmo que os preços do boi estejam em patamares recordes, a valorização considerável e contínua de importantes insumos pecuários, como os de animais de reposição e dos grãos, pode limitar (e até mesmo comprometer) a margem do produtor”, relatam os analistas do Cepea.
Fonte: Portal DBO