O termo micotoxina é derivado da palavra grega “mykes”, que significa fungo, e do latin “toxican”, que significa toxinas. O termo é usado para designar um grupo de compostos produzidos por algumas espécies fúngicas durante seu crescimento e podem causar doenças ou morte quando ingeridas pelo homem ou animais. As micotoxinas são contaminantes naturais de difícil controle em alimento. Estima–se que cerca de 25% de todos os produtos agrícolas do mundo estejam contaminados por tais substâncias.
A história das micotoxinas começa em 1960, quando um surto de mortes inexplicáveis de aves no Reino Unido (especialmente perus) é investigado. O surto ficou mundialmente conhecido como ‘turkey X disease’. Chega-se à conclusão que o problema estava na ração, que havia sido feita com amendoim importado da África e do Brasil. Esse amendoim estava contaminado com uma substância fluorescente produzida pelo fungo Aspergillus flavus. Da expressão inglesa ‘A. flavus toxin’ derivou a palavra Aflatoxina. Hoje se sabe que não existe uma aflatoxina, mas pelo menos 17 compostos tóxicos, dentre os quais os mais importantes são as aflatoxinas B1, G1, B2 e G2. E destas, a aflatoxina B1 (AFB1) é considerada o agente natural mais carcinogênico que se conhece. Por conta disso e pela prevalência deste fungo (e de outras espécies produtoras) em nosso meio é a mais importante micotoxina no Brasil. É importante lembrar que, a partir de 1962, quando se estabeleceu as causas do surto, pesquisas subsequentes encontraram outros fungos produtores de substâncias tóxicas diferentes.
Micotoxinas são definidas como metabólitos dos fungos que provocam alterações patogênicas em animais e no homem e as micotoxicoses como a síndrome da toxicidade resultante da absorção de micotoxinas. As micotoxinas podem ser produzidas antes e após a colheita, armazenamento, transporte, processamento e administração aos animais. Em torno de 25% dos grãos colhidos no mundo estão, possivelmente, contaminados por essas substâncias, Pesquisadores indicam que essa contaminação gira em torno de 25 a 40% e é comum nos alimentos para uso animal. Num estudo foram verificados deoxinivalenol em 58% dos alimentos e em 70% em milho, em 7% para aflatoxina, 18% para zearalenona, 7% para toxina T-2 e 28% para fumonisina.
Consequências
As micotoxinas podem provocar grandes perdas, metabolo-fisiologicas nos bovinos de corte. Essas perdas se traduzem por queda no desempenho produtivo uma vez que a contaminação pode afetar os órgãos (rins, fígado, pulmão, etc.), bem como os sistemas imune, digestivo e nervoso. Isso pode provocar uma diminuição da qualidade de vida do animal, impactando diretamente em seu potencial produtivo, podendo o mesmo ganhar menos peso quando comparado a um animal que se alimenta com ração não-contaminada.
Em experimentos, mesmo com uma contaminação considerada baixa, foi observado uma queda de 200g de ganho médio diário por animal – o que equivale, no final do processo produtivo, a 26 kg a menos no peso corporal do animal.
A magnitude das perdas econômicas devido às micotoxinas embora não seja totalmente visível, implica um custo em vários níveis, como por exemplo: perdas diretas de produtos agrícolas; perdas de animais acompanhadas de diversas taxas de morte; doenças humanas e diminuição da produtividade; diminuição da velocidade de crescimento em animais; custos indiretos dos sistemas de controle existentes para algumas micotoxinas; custos de redução na toxicidade de um produto contaminado para poder recuperar a um produto aceitável; rejeição de produtos pelo mercado importador.
A prevenção é ainda a melhor saída para o produtor, bem como o uso de ferramentas como os adsorventes de micotoxinas. Além das perdas econômicas o produtor deve ter em mente que as micotoxinas podem ser aos alimentos finais (ex.: carne, leite e derivados), podendo causar sérios problemas à saúde humana.
Fonte: O Presente Rural