A raça Charolês, originária da França, é uma raça bastante antiga, que foi difundida primeiramente por possuir um elevado volume de massa muscular.A nova era da pecuária exige carne de qualidade, e o Charolês busca seu espaço para atender essas demandas.
O Charolês demonstra capacidade de crescimento, ganhos em confinamento e alta qualidade de carcaça. O gado Charolês sempre se manteve como uma raça produtora de carne, tanto a pasto quanto em confinamento.
História da raça Charolês pelo mundo
O Charolês originou-se na região centro-oeste do sudeste francês, nas antigas províncias francesas de Charolles e nas vizinhanças de Nievre. As origens exatas do Charolês não são conhecidas, mas devem ter sido desenvolvidas a partir de gado encontrado na área.
Diz a lenda que o gado branco foi notado pela primeira vez na região já em 878 AD, e pelos séculos XVI e XVII eram populares nos mercados franceses, especialmente em Lyon e Villefranche. A seleção desenvolveu uma raça branca de gado que, como outros bovinos da Europa continental, eram usados para charque, leite e carne.
História da raça Charolês no Brasil
No Brasil, a porta de entrada do Charolês foi o Rio Grande do Sul. De acordo com arquivos da Escola de Agronomia “Elyseu Maciel”, da cidade de Pelotas, no ano de 1885 chegaram àquela cidade dois reprodutores Charolês, importados da França pelo governo Imperial.Os dois reprodutores foram confiados a dois estancieiros de renome na época. Da continuidade daquelas criações não se tem notícias.
Este foi o início da história da raça no Brasil, que hoje tem seu mercado representado através de milhares de criadores e através da ABCC, que existe há 60 anos.
Atualmente, os estados brasileiros com mais criadores da raça são o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Na ABCC, vários trabalhos são voltados para o crescimento da raça.Segundo dados da associação, atualmente, o rebanho Charolês no país está estimado em 100 mil animais puros por cruzamento (PC) e 50 mil puros de origem (PO).
Características zootécnicas da raça
Charolês demonstraram capacidade de crescimento, ganhos em confinamento e alta qualidade de carcaça. O gado Charolês sempre se manteve como uma raça produtora de carne, tanto a pasto quanto em confinamento.
Com excelente conformação de carne, especialmente das partes mais rentáveis, e maturidade relativamente tardia. Assim sendo adequadas para a engorda de alto peso final. E, são adequados para cruzamento industrial.
A raça é versátil em termos de manejo, cruzamentos com outras raças, alimentação e mudanças de clima. Através das avaliações genéticas e do melhoramento da raça, o Charolês atual pode oferecer à indústria de carne bovina, genética para rapidez de crescimento e eficiência alimentar.
A novilhas parem pela primeira vez aos 3 anos, desde que recebam alimentação satisfatória. O peso médio encontrado na literatura para os machos é de 45 kg e para as fêmeas é de 42 kg. A raça é conhecida por ter propensão a partos gemelares.
No que se refere à produção de leite, em geral, as vacas produzem o suficiente para criar um bezerro por ano, com rendimento estimado em 3.000 litros por lactação.
O gado Charolês engorda satisfatoriamente, produzindo carcaça de excelente qualidade. Ainda que esta apresente uma elevada proporção de gordura intramuscular (marmorização), seus depósitos superficiais são excepcionalmente escassos. A palatabilidade de sua carne é considerada uma das melhores.
Características morfológicas da raça
O touro Charolês deve ser um animal bem musculado, com linha superior dorso-lombar direita e volumosa. Possuindo pés e pernas bons e fortes, para transportar os a alta carga em peso vivo.A cabeça é relativamente pequena, curta, fronte larga, retilínea ou ligeiramente côncavos charoleses são de tamanho médio a grande, com um corpo muito profundo e largo.
A anca é ligeiramente apagada, mas bastante larga, assim como a garupa. No que se refere em termos ponderais, é uma raça bastante corpulenta, com pesos em adultos entre os 650 a 800 Kg para as fêmeas, e de 950 a 1200 Kg para os machos.
A pelagem é também uma característica da raça que é passada a progênie. Animais com gene de pelagem vermelha ou preta, são diluídos em padrões creme, avermelhados ou lobunos (fumaça).Pode haver dois tipos extremos de charolês que devem ser desencorajados.
Um tipo seria o touro alto e chato que tem uma folga para trás e um traseiro ruim. Este tipo não tem lugar na produção de carne bovina moderna e de fato nunca o fez.O segundo seria o touro pesado em excesso na frente, musculoso, que invariavelmente associou-se com problemas de fertilidade e parto.
Principais cruzamentos envolvendo a raça
O charolês é cruzado com raças de carne e vacas leiteiras, o Charbray, uma mistura de Charolês e Brahman, é um exemplo notável. Sendo até reconhecido como uma raça em alguns países.
O Gado Zebu, que pode tolerar o calor extremo, foi importado para o Brasil no início do século 20 e cruzado com o gado Charolês. A raça resultante, 63% de charolês e 37% de zebu, é chamada de Canchim.
As raças zebuínas utilizadas nos cruzados foram principalmente Nelores e Guzerás.
Para o Brasil central é a parceira ideal para o Nelore, visto que o produto entre o cruzamento de Nelore e Charolês apresenta grande peso, carne de alta qualidade e pelagem branca, a qual reflete os raios solares, não sofrendo o grande stress causado pelo calor excessivo.
O gado mestiço charolês é favorecido por ambos os setores do comércio de carne. Os Consumidores, mais exigentes, apreciam consumir a gordura intramuscular do Charolês e o sabor superior carne.
Enquanto as indústrias preferem os mestiços Charolês pela sua capacidade de fornecer a maior porcentagem de cortes vendáveis. Em particular a sua combinação de lombo e músculos traseiros.
No que diz respeito ao fato da introdução de sangue Shorthorn no início da formação da raça para dar uma maior rapidez de apronte aos animais, o Charolês ainda continua sendo uma raça mais tardia, entretanto com a vantagem de que os animais estão suficientemente pesados antes de iniciar a depositar gordura excessiva, aliando o fato de que não necessitam receber hormônios para ter uma maior deposição de gordura nos quartos traseiros.
Fonte: Tecnologia no Campo