Todos os criadores de ovinos e caprinos já devem ter enfrentado problemas importantes em sua criação devido aos parasitas gastrointestinais. Normalmente, estes problemas ficam em evidência apenas quando o animal está doente ou morre. Porém, outras perdas importantes podem ser calculadas quando se observa com cuidado os índices produtivos e reprodutivos: as parasitoses causam diminuição no ganho de peso, baixas taxas reprodutivas, menor aproveitamento dos alimentos, entre tantos outros problemas, e ainda aumentam os custos com o tratamento dos animais doentes e as constantes desverminações.
Para entender por que ovinos e caprinos são tão sensíveis às parasitoses, é preciso voltar um pouco no tempo e olhar de onde vieram estas duas espécies e há quanto tempo convivem com o homem. Ovinos e caprinos surgiram em uma região desértica da Ásia Central e foram as primeiras espécies de produção a serem domesticadas pelo homem. Portanto, na sua origem, viviam em um ambiente desfavorável para os parasitas, pela falta de umidade e porque pastavam mais arbustos, no caso dos caprinos, do que gramas. Estes fatos determinaram que os ovinos e caprinos não desenvolvessem defesas naturais, muito embora os ovinos sejam mais tolerantes às infecções parasitárias do que os caprinos.
Na natureza, estes animais tinham comportamento migratório, ou seja, percorriam grandes áreas em busca da melhor pastagem e raramente pastejavam no mesmo local. Uma ovelha caminha entre 6 e 15 quilômetros por dia. Quando surgiram os sistemas mais intensivos de criação, os parasitas foram beneficiados, pois os ovinos e caprinos passaram a pastar nos mesmos locais, o que permite maior contaminação do meio e maior nível de infecção dos animais.
Esta situação é pior no Paraná, que tem um clima quente e úmido e onde ovinos e caprinos são criados em pequenas áreas de pastagem, principalmente de gramíneas, que ficam repletas de fezes e, consequentemente, de larvas infectantes. Esta condição ambiental levou ao surgimento de graves problemas com as parasitoses, resultando no uso excessivo de vermífugos, em alguns casos com mais de 15 tratamentos por ano. Isto deveria ter acabado com o problema das parasitoses, mas infelizmente para ovinos, caprinos e produtores, os parasitas adquiriram resistência aos vermífugos.
Atualmente, convive-se com a seguinte situação: as condições ambientais, ou seja, temperatura, umidade e característica das pastagens são muito favoráveis aos parasitas, o que acarreta grande contaminação das pastagens e os vermífugos são parcialmente eficientes no controle das parasitoses.
É necessário que o produtor tenha consciência de que não é mais possível controlar as parasitoses somente usando vermífugos. Portanto, para diminuir o impacto deste problema sobre a produção, não há uma solução pronta. Propõe-se uma série de ações que devem ser desenvolvidas para controle das parasitoses gastrintestinais. Falaremos sobre essas ações em outros artigos.
Fonte: Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural - EMATER