Fatores que interferem nas parasitoses de Ovinos e Caprinos
Clima, suscetibilidade do hospedeiro, sistema de produção e vermífugos são os principais fatores.
Fatores que interferem nas parasitoses de Ovinos e Caprinos

Quando se observa diferentes rebanhos de ovinos e caprinos, nota-se que, em alguns deles, o problema da parasitose é mais grave, enquanto em outros, os animais aparentam estar sadios e produtivos. Estas diferenças acontecem porque existem vários fatores que interferem  no aumento ou na diminuição da infecção dos animais pelos parasitas.

1. Clima

O parasita passa uma parte da vida no ambiente onde o rebanho vive: principalmente em pastagens, na água ou no solo. Durante esta fase da vida, os parasitas estão na forma de ovos ou larvas, aguardando o momento de serem ingeridos por um ovino ou caprino. Porém, quando o ambiente apresenta boas condições, estas larvas morrem e não infectam um novo animal. Pensando desta forma, pode-se criar condições no ambiente para eliminar o maior número de larvas possível ou saber quais são os lugares ou épocas do ano em que aumenta ou diminui a contaminação do rebanho.

As larvas dos parasitas precisam de oxigênio, boa umidade e temperaturas amenas para sobreviver por vários meses nas pastagens. Quando se faz silagem de feno ou do pré-secado de uma pastagem que estava contaminada, elimina-se ou diminui-se grandemente o número de larvas vivas no alimento que será servido aos animais porque o oxigênio ou a água são tirados do pasto, o que se refletirá em uma menor infecção do rebanho. Também se sabe que secas prolongadas ou condições extremas, como clima desértico ou neve, também diminuem muito o tempo de sobrevivência das larvas no pasto. Quando se cria pequenos ruminantes em áreas muito úmidas como baixadas e banhados, já se sabe com antecedência que as larvas sobreviverão mais tempo neste ambiente e que o rebanho estará sujeito a maior taxa de parasitismo. Portanto, o tipo de solo, a topografia e o clima da região são fatores que influenciam no tipo de parasitas e na sua sobrevivência. É importante analisar cuidadosamente estas condições em cada propriedade para um melhor planejamento das medidas de controle dos fatores ambientais.

2. Suscetibilidade do hospedeiro

Nem todos os animais do rebanho são muito afetados por verminose. Ao prestar atenção, verifica-se que algumas categorias, como fêmeas que estão amamentando ou filhotes depois do desmame, são aqueles que apresentam com maior frequência sinais de verminose: anemia, emagrecimento, papeira e diarreia. Devido a uma série de fatores, estas duas categorias são realmente as mais frágeis e passíveis de infecção e, por isso, é preciso ter maior cuidado no controle de verminose destes animais. As fêmeas apresentam um aumento do número de ovos de parasitas nas fezes aproximadamente três semanas após o parto e, quando vão para o pasto, depositam todos estes ovos no ambiente, fazendo com que a pastagem que seus filhotes ingerem esteja ainda mais contaminada.

Portanto, atenção:

FÊMEAS EM LACTAÇÃO E FILHOTES APÓS O DESMAME SÃO AS CATEGORIAS MAIS SUSCEPTÍVEIS ÀS PARASITOSES.

Outros fatores que fazem com que um ovino ou um caprino seja mais sensível que outro na contaminação por parasitas estão ligados à nutrição. Rebanhos bem alimentados possuem naturalmente maior resistência à verminose, assim como os rebanhos que não possuem outras doenças como foot rot, linfadenite caseosa, ectima contagioso, mastites e pneumonias. Consequentemente, quando os animais são bem alimentados e há um cuidado na prevenção das diversas doenças que afetam os pequenos ruminantes, previne-se, também, as grandes infecções parasitárias. Também já foi observado que animais de raças diferentes apresentam diferente sensibilidade às parasitoses. Por exemplo, sabe-se que ovinos de raças deslanadas são mais resistentes à verminose. No entanto, também está comprovado que dentro de um rebanho da mesma raça existem indivíduos naturalmente mais resistentes que outros. Esta observação é importante, já que esta característica pode ser transmitida de pai e mãe para os filhotes. Então, é possível identificar quais são os animais mais resistentes dentro do rebanho e cruzá-los entre si, descartando os mais suscetíveis. Desta forma, ao longo dos anos, o rebanho todo vai se tornando cada vez mais resistente.

3. Sistemas de produção

Os ovinos e caprinos podem ser criados em vários sistemas. Antigamente, os rebanhos eram acompanhados por um pastor durante o tempo todo e mudavam o local de pastejo todos os dias, então a re-infecção dos animais por larvas de parasitas era muitíssimo pequena. Hoje, chega-se a ter mais de 30 ovelhas pastejando continuamente em um único hectare! Com o grande número de animais defecando e depositando os ovos dos parasitas em uma pequena área que é repastejada praticamente todos os dias, é de se esperar que a re-infecção do rebanho aumente consideravelmente.

Portanto, atenção:

QUANTO MAIOR A LOTAÇÃO (NÚMERO DE ANIMAIS/HECTARE), MAIOR A PARASITOSE.

Como a forma mais comum de infecção do animal é o pastejo em áreas muito contaminadas com larvas vivas de parasitas, é necessário criar alternativas para diminuir a contaminação da pastagem e/ou impedir que os animais ingiram este pasto contaminado. Nos sistemas de produção que utilizam o fornecimento de alimento exclusivamente no cocho como, por exemplo, no confinamento, o risco de infecção por parasitas diminui muito já que todo o alimento fornecido está livre de larvas como: o feno, as capineiras, o alimento concentrado ou mesmo a silagem.

4. Vermífugos

O uso indiscriminado de anti-helmínticos levou à resistência dos parasitas aos diferentes princípios ativos dos vermífugos. Atualmente, os parasitas gastrintestinais dos rebanhos ovinos e caprinos paranaenses apresentam resistência a pelo menos um tipo de vermífugo. Por isso, observa-se, às vezes, que mesmo após uma desverminação os animais ainda continuam anêmicos, magros ou com diarreia. Este problema é muito difícil de solucionar, então, é preciso desverminar os animais o menor número de vezes possível, para que os vermífugos funcionem bem por muitos anos.

Fonte: Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural